28/11/19 13h51

Como o QuintoAndar se tornou o unicórnio dos imóveis

Com uma plataforma que acaba com a burocracia no aluguel de casas e apartamentos, o QuintoAndar revolucionou o setor imobiliário e alcançou o status de unicórnio. Agora, dá os primeiros passos para conquistar o mundo

Pequenas Empresas e Grandes Negócios

Gabriel Braga e André Penha nasceram em cidades a apenas duas horas de distância entre si: Belo Horizonte e Divinópolis, ambas em Minas Gerais. Mas os caminhos diferentes que tomaram os levaram a se conhecer na Califórnia, nos Estados Unidos, durante um MBA na Escola de Negócios de Stanford. Penha vinha da área de desenvolvimento de jogos. Braga, do mercado financeiro. Em comum, os dois tinham a origem mineira e a vontade de criar um empreendimento que resolvesse um grande problema social. Eles só não sabiam qual.

A descoberta veio quando conversaram sobre problemas similares que haviam enfrentado em suas vidas. Quando quis se mudar para São Paulo, Braga teve dificuldades de alugar um apartamento por falta de fiador. Já Penha tinha um imóvel em Campinas, mas não podia assinar um contrato para locá-lo enquanto estava nos EUA. A conclusão dos dois amigos? Alugar um lugar para morar — ou oferecer uma casa para locação — é algo muito complexo no Brasil. Em 2013, os dois fundaram a startup QuintoAndar, com a proposta de simplificar o processo de locação para seus clientes.

Em setembro deste ano, a empresa entrou para o seleto grupo de unicórnios brasileiros, após levantar US$ 250 milhões em uma rodada liderada pelo SoftBank. Antes, já havia captado R$ 320 milhões em três rodadas com investidores como Kaszek Ventures, Qualcomm Ventures e General Atlantic. Hoje, o QuintoAndar fecha mais de 4,5 mil contratos por mês e tem cerca de mil funcionários. A meta dos sócios é levar o negócio para outras cidades brasileiras (hoje são 28) e atuar também no mercado externo.

Se hoje alugar um imóvel na plataforma é muito simples, provar o potencial do modelo a clientes e investidores foi uma batalha inglória. Em 2012, um ano antes do lançamento, Braga e Penha voltaram para o Brasil com o projeto da empresa e US$ 350 mil em capital semente, captado com colegas de Stanford. O valor era considerado pequeno para transformar o mercado como eles imaginavam. Por isso, a primeira versão do site não era muito diferente do de uma imobiliária comum.

Os imóveis eram exibidos online, mas as visitas eram marcadas por telefone, e todo o processo era manual. Quem atendia os clientes e os acompanhava durante as visitas eram os próprios fundadores. Aos poucos, foram digitalizando os processos, mas ainda assim levaram dois ou três anos para decolar. “O começo foi bem frustrante. Nós acreditávamos que a ideia podia funcionar, mas foi difícil estabelecer a empresa e constituir a plataforma”, diz Braga.

Os sócios tinham motivos para insistir. No Brasil, apenas 18% das residências são alugadas, segundo o IBGE — um percentual baixo quando comparado ao de países como EUA (36%) e Alemanha (48%). Uma pesquisa qualitativa com 400 pessoas realizada pelos sócios mostrou que os clientes em potencial sofriam muito na hora de alugar. “Tínhamos encontrado uma dor profunda que afetava muita gente. Para pensar no produto, fomos entender essa dor”, diz André Penha.