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Culto à beleza traz lucros para o Brasil

O Estado de S. Paulo - 25/08/2007

A devoção de longa data do Brasil à beleza corporal - seja gastando fortunas em cosméticos, emagrecendo para caber em minúsculos trajes de banho ou exibindo um corpo depilado a cera - está compensando. As exportações de produtos de beleza do país vêm aumentando rapidamente nos últimos anos. Em 2006, as empresas brasileiras exportaram US$ 484 milhões em cosméticos, artigos de higiene pessoal e fragrâncias, disse João Basilio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abhpec). Isso representou um aumento de 152% em relação a 2001. Num mercado varejista ávido pela palavra "natural", o abundante suprimento de óleos naturais, frutas e extratos de plantas do país tem desempenhado um papel essencial, também, no aumento das vendas. A Amazônia brasileira tem cerca de 13 mil espécies de plantas, segundo a agência de pesquisa agrícola Embrapa. Somente uma minúscula fração dessas plantas foram analisadas totalmente e atualmente menos de 1% fornece ingredientes ativos para cosméticos. Os produtores brasileiros acreditam que a "brasilidade" desses ingredientes é um fator importante para a elevação das vendas. Executivos da indústria no Brasil dizem que os produtos do país são vistos de alguma forma como mais puros do que de outros produtos de outras partes do mundo. Os executivos dizem que a imagem dos brasileiros como um povo saudável e atraente tem ajudado as vendas. Um outro fator igualmente importante é a rica história de miscigenação racial do Brasil. A mistura de sangue europeu, indígena, africano e japonês criou uma nação onde podemos encontrar todos os tons de pele, tipos de cabelo e formatos de corpo concebíveis. Os fabricantes de produtos de beleza precisam atender a todos, o que significa que, independentemente de qual seja o alvo no exterior, eles têm um produto adequado. O principal destino para os produtos de beleza brasileiros ainda é a América do Sul, que absorve 61% das exportações. Com um mercado doméstico de 188 milhões de pessoas, economias de escala permitem ao Brasil produzir a custo mais baixos que seus vizinhos. Isso levou algumas empresas a fecharem suas operações em países como Chile, Uruguai e Bolívia e transferirem sua produção para o Brasil. E, no governo do presidente Lula, o Brasil expandiu seus horizontes de exportação. Rússia, Cuba e Angola surgiram como importantes clientes. Este esforço tem sido ajudado pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), um órgão governamental que, desde 2003, vem se dedicando a criar e diversificar mercados externos para produtos brasileiros. Em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, a Apex tem pago para dezenas de empresas brasileiras de pequeno e médio porte exporem em feiras internacionais por todo o globo.