20/12/13 11h26

Empresa farmacêutica usa plantas para tratar esgoto

A estação de tratamento - ou jardim filtrante, como é chamado o processo - está instalada em Sousas

Correio Popular – Campinas

Um jardim que trata esgoto foi inaugurado na quinta-feira (19) em Campinas, com capacidade para 100 metros cúbicos por dia de efluentes sanitários. Segundo a empresa, é a primeira estação de tratamento de efluentes do Brasil com essas características. No lugar de produtos químicos entram plantas exóticas e nativas que filtram a matéria orgânica com eficiência e sem deixar odor.

 A estação de tratamento — ou jardim filtrante, como é chamado o processo — está instalada na fábrica da farmacêutica MSD, em Sousas, que investiu R$ 4 milhões na implantação.

 Em funcionamento experimental desde abril, cerca de 20 espécies de plantas, entre elas papirus, inhame, biri, taboa estão conseguindo dar uma eficiência de 90% na remoção de material orgânico, percentual superior à exigência legal, segundo o diretor da fábrica em Sousas, Marcos Costa.

 A legislação exige que o tratamento tenha eficiência de 60% na remoção da chamada demanda bioquímica de oxigênio (DBO). As raízes absorvem e filtram os resíduos. No final do processo, restará uma água tratada, que poderá ser usada em irrigação, formação de lagoas e outras finalidades, menos para beber.

 As plantas estão tratando o esgoto proveniente dos sanitários e do restaurante seguindo uma tecnologia francesa de tratamento de efluentes. Marcelo Ferraz, da empresa Phytorestore, que cuida da implantação desse projeto, explicou que o tratamento é baseado em três tipos diferentes de jardins.

 Primeiro, as águas passam em um filtro vegetal vertical, onde a matéria orgânica e o nitrogênio são degradados. Em seguida, na passagem para o filtro vegetal horizontal (Jardim Horizontal), um tratamento complementar é feito para os contaminantes.

 Finalmente segue até o último filtro (lagoa terminal) para o término do processo de restauração da água, podendo, a partir de então, ser utilizada para diversos fins, inclusive na irrigação das áreas verdes.

 As raízes das plantas são as responsáveis pela filtragem e o sol é utilizado para a desinfecção da água, no último estágio do tratamento.

 Atualmente essa água entra na rede de esgoto da empresa, mas a partir do ano que vem será utilizada para jardinagem e limpeza da rua.

 Assim como o tratamento de lodo, a manutenção desse sistema é realizada a cada dez anos.