30/04/07 16h24

Estrangeiro impulsiona recordes da Bolsa

Folha de S Paulo – 30/04/2007

O investidor estrangeiro tem tido papel fundamental no atual virtuoso momento que a Bolsa de Valores de São Paulo atravessa, marcado por sucessivos recordes em várias frentes, como pontuação, volume negociado e quantidade de operações diárias inéditos. Se, por um lado, a entrada de capital externo tem dado impulso à Bovespa, por outro, analistas lembram os riscos que uma crise internacional costuma trazer a esse movimento positivo, podendo afugentar esses recursos do mercado doméstico. Uma confluência positiva dos cenários externo e interno tem elevado a atratividade do mercado acionário doméstico. A economia brasileira atravessa um período de maior estabilidade, o que exclui do horizonte dos investidores muitos temores e incertezas. Na outra ponta, no entanto, há uma grande liquidez internacional -isso significa que há muito dinheiro em busca de retornos mais interessantes. O movimento dos últimos dois anos levou os estrangeiros a voltarem a ser a categoria que mais realiza operações na Bovespa -posto que haviam perdido entre 2003 e 2004-, representando hoje cerca de 34% dos negócios totais feitos no mercado acionário. No ano passado, entre compras e vendas, os estrangeiros movimentaram US$ 194,73 bilhões. Em 2005, ano do recorde de movimentação anterior, havia sido girado por esses mesmos investidores um total de US$ 107,58 bilhões. Os recursos externos que buscam as ações de companhias brasileiras costumam vir dos Estados Unidos e da Europa, pertencendo principalmente a aplicações destinadas a mercados emergentes e a fundos de pensão. A Ásia também começa a aparecer, com uma participação maior a cada dia, nos recursos que têm desembarcado por aqui. Para o resultado da Bolsa paulista, a participação dos estrangeiros tem sido decisiva. Neste ano, em que a valorização acumulada pelo índice Ibovespa está em 10,7%, a diferença entre compras e vendas de ações feitas por esses investidores está positiva (até o dia 24) em R$ 1,57 bilhão -o que é equivalente a US$ 772 milhões. As IPOs (sigla em inglês para Oferta Inicial Pública de Ações) também têm mostrado força e despertado o interesse dos estrangeiros. Dos lançamentos de ações feitos nos últimos anos, a participação dos estrangeiros no total vendido tem um espantoso percentual médio de 70%. Desde que as condições internacionais não sofram uma brusca mudança, a expectativa é a de que o Brasil alcance o "investment grade" (grau de investimento) em meados de 2008. A concretização do cenário vai abrir as portas para que mais algumas dezenas de bilhões de dólares ingressem na Bolsa de São Paulo. Isso porque há fundos de pensão estrangeiros que têm normas que permitem que invistam apenas em emergentes que detêm o título de "investiment grade".