10/03/20 13h34

Exportação para a China cresce 36% em Andradina

Folha da Região

A cidade de Andradina aumentou consideravelmente suas exportações no primeiro bimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo dados do Observatório de Economia Regional da Faculdade da Fundação Educacional Araçatuba (FAC-FEA), houve um crescimento de 36,8% nas exportações.

O setor de maior destaque foi o frigorífico, em especial a carne bovina, que teve aumento de 35,6%, totalizando uma arrecadação de US$ 23,2 milhões de dólares.

Em entrevista à Folha da Região, o economista, professor e coordenador do Projeto Observatório de Economia Regional da Faculdade da Fundação Educacional Araçatuba (FAC-FEA), Marco Aurélio Barbosa, esclareceu de que forma a economia regional pode ser afetada pela crise chinesa por conta do Covid-19.

Leia a entrevista na íntegra:

Quanto à crise da China interferiu na balança comercial regional?

Pelas informações publicadas pelo Ministério da Economia, a crise chinesa ainda não impactou em nossa balança comercial regional. Pelo contrário, houve crescimento do comércio bilateral da região com a China no primeiro bimestre de 2020. Todavia, em médio e longo prazo a situação pode se modificar dependendo da evolução da crise e do impacto nas empresas chinesas exportadoras e importadoras que mantém intercâmbio com nossa região.

Acredito que o fechamento da balança comercial de março que ocorre no começo de abril já servirá de termômetro para avaliarmos com mais precisão o impacto e sua intensidade.

Como está o fluxo de importações e exportações para o país após o surgimento do vírus? Subiu? Desceu? Em qual proporção?

Não tivemos ainda impactos relevantes em nossa corrente de comércio. Porém, a China é muito importante para comércio exterior brasileiro, sendo responsável pela compra de aproximadamente 1/3 de nossas exportações e também no lado das importações fornece 20% de todas as importações que entram no Brasil. É, com destaque, um importante fornecedor de matérias-primas, insumos e componentes que são utilizados no processo produtivo de vários setores produtivos brasileiros.

Qual o impacto do coronavírus na cadeia produtiva regional?

Algumas cadeias produtivas regionais poderão no decorrer do semestre sentirem reflexos da atual conjuntura, em especial, aquelas com maior exposição ao mercado internacional e que mantém relações com a economia chinesa. Como exemplo temos os setores produtores de commodities (soja, carnes, etc). A situação do coronavírus ao desacelerar o crescimento chinês poderá provocar queda da demanda de importações chinesas desencadeando redução das exportações regionais dos setores exportadores de commodities.

Todavia, há setores produtivos locais que podem aproveitar oportunidades ocupando espaço de mercado de fornecedores chineses que estão deixando de fornecer e abastecer com importações o mercado brasileiro. Dessa forma, teríamos uma espécie de “substituição de importações” em que os produtos que antes eram importados da China passam a ser produzidos no mercado interno. Neste contexto, a crise traz ameaças e oportunidades, há setores ganhadores e perdedores.

O coronavírus vai interferir no crescimento econômico regional? Qual o cenário atual e as expectativas futuras?

Acredito que no curto prazo não teremos impactos relevantes no crescimento regional. O problema é o coronavírus interferir de forma mais intensa no crescimento da economia chinesa e essa queda do ritmo de crescimento chinês impactar no desempenho do PIB brasileiro em 2020. Nesse cenário, sentiremos reflexos na região, pois o desempenho macroeconômico do país impacta na economia regional.

Acredito que o governo através de seus instrumentos clássicos de política econômica terá que adotar medidas de estímulo para a economia buscando suavizar a situação evitando maiores danos na expectativa de crescimento do PIB do Brasil em 2020. Entre as medidas destaca-se a continuidade do ciclo de redução da taxa básica de juros (taxa SELIC), atualmente em 4,25% ao ano. A desvalorização do real também favorece os setores exportadores. E, esses setores exportadores têm a oportunidade de fortalecer sua presença na economia internacional.