28/09/22 14h18

Exportações das indústrias são as maiores em 32 meses na região de Campinas

Com R$ 1,98 bilhão em agosto, desempenho é o melhor desde janeiro de 2020

Jornal Correio

As indústrias da região de Campinas registraram exportações de US$ 369,1 milhões (R$ 1,98 bilhão) em agosto, o melhor desempenho dos últimos 32 meses. O Panorama de Comércio Exterior divulgado na terça-feira pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Regional Campinas (Ciesp) mostra que o resultado é 24,9% maior do que os US$ 295,5 milhões (R$ 1,58 bilhão) de agosto do ano passado e o melhor desde janeiro de 2020, pouco antes do início da pandemia de covid-19, que afetou a atividade industrial em todo o País. 

A pesquisa mostra que a recuperação do comércio exterior teve início em março de 2021, seguindo em alta a partir daí e alcançando melhores resultados este ano. Em cinco dos oito primeiros meses de 2022, as indústrias tiveram exportações acima de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão): em março, maio, junho, julho e agosto. 

Para o diretor titular do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, o aumento da atividade industrial é decorrente do “bom momento da economia” do País. 

De acordo com a entidade, os produtos mais exportados são máquinas, caldeiras, aparelhos mecânicos e suas partes; plásticos e derivados; papel e celulose; químicos diversos; químicos orgânicos; máquinas, aparelhos e materiais elétricos, aparelhos de gravação, reprodução, partes e acessórios. 

No período de janeiro a agosto, as indústrias da região acumularam US$ 2,43 bilhões (R$ 13 bilhões) em exportações, crescimento de 29,7% em relação ao US$ 1,88 bilhão (R$ 10,1 bilhões) do mesmo período de 2021. 

O levantamento do Ciesp também aponta aumento das importações. No mês passado, elas totalizaram US$ 1,44 (R$ 7,51 bilhões), alta de 24,8% na comparação com US$ 1,2 bilhão (R$ 6,44 bilhões) de agosto de 2021. 

No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, as importações foram de US$ 9,37 bilhões (R$ 50,29 bilhões), 22,9% maior do que os US$ 7,63 bilhões (R$ 39,52 bilhões) de igual período de 2021. 

Como resultado, a balança comercial das indústrias registrou saldo negativo de US$ 1,07 bilhão (R$ 5,74 bilhões) em agosto, aumento de 24,7% em relação aos US$ 862 milhões (R$ 4,62 bilhões) do mesmo mês de 2021. Já no acumulado de janeiro a agosto deste ano, o saldo negativo é de US$ 11,81 bilhões (R$ 63,36 bilhões), 24,2% a mais do que os US$ 9,51 bilhões (R$ 51,02 bilhões) dos primeiros oito meses de 2021. 

Corrêa explica que o resultado é reflexo do perfil da indústria regional, que produz itens de alto valor agregado, necessitando importar matérias-primas para a fabricação. 

Dólar em alta 

A alta do dólar nos últimos dias já afeta as indústrias da região. De acordo com o 1º vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, o aumento atinge as empresas que fecharam contratos de importação de curto prazo. “As empresas são mais importadoras do que exportadoras e estão sendo penalizadas no curto prazo”, afirma, pois pagam pela cotação do dia do fechamento do contrato. Porém, o diretor de Comércio Exterior do Ciesp, Anselmo Félix Riso, diz que não é possível saber se a alta da moeda norte-americana continuará e qual será o impacto nos custos das indústrias e no preço final dos produtos para o consumidor. 

“Essa é a pergunta de US$ 1 milhão”, diz. Para ele, o reflexo da alta do dólar exigirá “muita criatividade do empresário brasileiro para evitar aumento nos custos e em seus preços finais”. O dólar fechou em forte alta de 2,52% na segunda-feira, fechando o dia cotado em R$ 5,3804. Com isso, a moeda norte-americana acumula alta de 3,45% no mês. No ano, a queda frente ao real é de 3,49%. 

Para Riso, a guerra entre Rússia e Ucrânia e as medidas de isolamento social na China por causa da covid-19 geram um cenário de incerteza em torno da evolução do dólar. Os especialistas apontam ainda que a recessão econômica mundial e o aumento da taxa de juros em vários países, principalmente nos Estados Unidos, também pressionam a alta da moeda norte-americana no Brasil. 

Isso porque os investidores tiram dólar do País em busca de aplicações com maior rendimento e mais estáveis em outros países. De acordo com o diretor de Comércio Exterior, essa moeda “vem sofrendo oscilações devido ao conflito internacional e questões políticas que serão resolvidas nos próximos 50, 60 dias”. 

Desempenho industrial 

Apesar da volatilidade do dólar, 71% das empresas que participaram da Sondagem Industrial Mensal do Ciesp disseram ser a favor do câmbio flutuante. Apenas 21% afirmaram ser favoráveis à adoção de bandas cambiais, regime onde a moeda varia dentro de uma faixa preestabelecida, e 8% não defenderam nenhuma das opções. 

A sondagem mostra estabilidade na atividade do setor na região. Segundo o diretor titular da entidade, isso é demonstrado por vários dados: 86% das empresas estão com o volume de produção estável ou em alta, 86% mantiveram o número de funcionários ou contrataram, 93% registraram queda na inadimplência ou o nível permaneceu inalterado, e 93% estão com utilização da capacidade de produção acima de 50%. 

“Estamos em um momento econômico bastante interessante”, afirma Corrêa. Para ele, esse desempenho cria um “círculo virtuoso” e 71% das indústrias pretendem investir na atualização do maquinário existente ou comprar novos equipamentos. Ele evitou, no entanto, a fazer uma previsão de como ficará o quadro econômico após a eleição para presidente da República em outubro. 

Ciesp promove evento para micro, pequenas e médias empresas

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias (Ciesp) promovem hoje, em Campinas, o road show da “Jornada de Transformação Digital”, que capacitará micro, pequenas e médias empresas para a indústria 4.0, como é chamada a 4ª Revolução Industrial. 

O programa oferecerá consultoria gratuita para que empresas com faturamento de até R$ 8 milhões ao ano possam se preparar para uma nova realidade de negócios. 

A estimativa é que sejam atendidas 40 mil empresas em quatro anos, das quais 5 mil da região de Campinas. 

A jornada envolverá a utilização de recursos como inteligência artificial, computação em nuvem, big data e analytics, robótica colaborativa, manufatura aditiva, simulação digital, cibersegurança, inteligência artificial, realidade aumentada e virtual. 

A utilização desses recursos será ampliada com a chegada ao País da internet 5G, capaz de entregar velocidades 50 a 100 vezes maiores do que a atual, podendo alcançar até 10 Gbps. Será uma nova realidade disponível para todos, inclusive o usuário comum, que possibilitará a chamada internet das coisas, com mais equipamentos conectados e inteligentes. 

De acordo com o diretor titular do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, 330 indústrias da região já manifestaram interesse nos cursos. Hoje, elas deverão assinar a participação no programa e  contarão com a ajuda de consultores, que estarão disponíveis em um escritório móvel para esclarecer todas as dúvidas. 

Depois de Campinas, o evento será realizado em São Paulo (Distrital Sul) no dia 4 de outubro; Diadema, dia 6; e Sorocaba, dia 18. 

A “Jornada de Transformação Digital” é um programa criado pela Fiesp, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP) para atender as empresas em oito etapas de consultoria e treinamento voltados para a indústria inteligente. 

O programa busca aumentar a competitividade e a produtividade da indústria e atende empresas em diferentes níveis de maturidade digital. 

A consultoria envolve até treinamento de pessoal voltado para a indústria 4.0. O uso das tecnologias digitais na indústria permitiu aumentar 

em 22%, em média, a capacidade produtiva de micro, pequenas e médias empresas dos segmentos de alimentos e bebidas, metalmecânica, moveleiro, vestuário e calçados, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/exportac-es-das-industrias-s-o-as-maiores-em-32-meses-na-regi-o-de-campinas-1.1293354