18/11/22 11h49

HIDS tem potencial para gerar 20 mil empregos em Campinas

A previsão é que metade das vagas seja nas áreas de pesquisa e desenvolvimento

Jornal Correio

O HUB Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) tem potencial para gerar 20 mil empregos, sendo a metade nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. A estimativa está em estudos feitos pelo Korea Research Institute for Human Settlement (Krihs), instituto sul-coreano responsável pela elaboração do master plan (projeto urbano). O HIDS foi idealizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para promover o desenvolvimento sustentável de uma área de 11,3 milhões de metros quadrados que abrangem inclusive a antiga Fazenda Argentina, adquirida pela instituição, no Distrito de Barão Geraldo. 

O projeto nasceu nos limites do centro de ensino e pesquisa, mas transbordou e foi abraçado por outros organismos instalados no entorno e pela Prefeitura de Campinas. “Nós temos um potencial de conhecimento e de geração de soluções simplesmente estrondoso como poucos locais no mundo. É único na América Latina e pouco explorado em sua plenitude”, afirma um dos integrantes da Coordenação de Implantação do HIDS Unicamp, Eduardo Gurgel do Amaral. 

Para ele, há um objetivo em comum: criar um ecossistema de desenvolvimento sustentável capaz de se tornar referência no País e no mundo, atraindo investimentos nacionais e internacionais. O HIDS ocupa 66,47% dos 17 milhões de m² do Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável de Campinas (PIDS), lançado pela Prefeitura para ser uma das três áreas de desenvolvimento estratégico do município, ao lado das regiões Central e do Aeroporto Internacional de Viracopos. 

Essa área engloba também a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC) e 15 centros de pesquisa. A proposta é a integração de todas as instituições e empresas a serem instaladas para o desenvolvimento de conhecimento e inovações que resultem em um laboratório vivo, que se renove e se desenvolva naturalmente. 

O projeto 

A Prefeitura iniciou este mês a discussão de mudanças na Lei de Uso e Ocupação de Solo daquela região para permitir a ocupação mista (industrial, comercial e residencial). Os estudos do instituto Khris estimam que o HIDS deverá ter uma população de 40 mil pessoas, ou seja, praticamente surgirá uma “nova cidade” na Zona Norte. O número é proporcional a todo os moradores de Pedreira ou à soma da população de outros dois municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC), Holambra e Engenheiro Coelho. 

O HUB prevê a instalação de centros de pesquisa, indústrias de alta tecnologia e cerca de 17 mil unidades habitacionais. Os dados fazem parte dos estudos que subsidiam a proposta do projeto urbano. As linhas mestras definidas pela Unicamp para o projeto são de que todas as atividades e o desenvolvimento urbano devem prever a preservação e conservação do meio ambiente, podendo promover coleta, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos, uso racional da água, utilizar energia limpa e de modo eficiente, desenvolver e utilizar tecnologias e modelos de negócios inovadores, como a internet das coisas (IoT). 

O projeto segue os conceitos modernos de urbanismo e arquitetura, que buscam incentivar que as pessoas residam próximas aos locais de trabalho. Além de promover qualidade de vida, reduzindo o tempo de deslocamento, a proximidade gera outros impactos, como incentivar meios de locomoção como bicicletas e veículos elétricos, reduzindo a poluição e a emissão de gases que causam o efeito estufa. 

Criado em 1978, o Krihs tem a função de elaborar estudos de ordenamento do território e sugestões de políticas para a instalação de cidades inteligentes na Coreia do Sul. O instituto sul-coreano foi contratado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que liberou US$ 1 milhão (R$ 5,29 milhões) em caráter não-reembosável para a elaboração do projeto urbano do HIDS. 

O objetivo é criar um distrito modelo de desenvolvimento urbano inteligente. 

A ocupação da área buscará incentivar e promover ações da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, que incluem o uso de energias limpas e acessíveis, ações contra a mudança global do clima, desenvolvimento com preservação da fauna e flora e outros pontos. O rol de compromissos é assinado por 193 países, incluindo o Brasil. 

O planejamento do espaço e a construção de sua governança são acompanhados pelo Conselho Consultivo Fundador do HIDS, formado por 15 instituições. Além da Unicamp, PUC-Campinas e Prefeitura, fazem parte as Faculdades de Campinas (Facamp), Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), CPqD, TRB Pharma, Cargill, Cariba Empreendimentos e Participações, Instituto Eldorado e Sabis Internacional, que estão dentro da área do PIDS. Também integram o órgão o Governo do Estado de São Paulo, a CPFL e a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa). 

Debates 

A Prefeitura encerrou na semana passada a série de debates da proposta de legislação e implantação do PIDS, durante uma reunião aberta à comunidade do Distrito de Barão Geraldo. Foram realizados diversos encontros, com vereadores, proprietários das áreas dentro do polo e conselhos municipais. 

Durante o prazo de 60 dias, o projeto de lei complementar ficará disponível para sugestões, que serão discutidas em uma audiência pública em 24 de janeiro de 2023. Após todas essas etapas é que o texto final do projeto de lei será enviado para a Câmara Municipal, prevendo regras com impactos para aquela região e sua evolução nos próximos 30 a 50 anos. 

“Isso é crescimento com planejamento. O objetivo é ter uma ampla participação da sociedade, promover uma discussão democrática e ter uma legislação de longo prazo”, afirma a secretária municipal de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho. 

A proposta da Prefeitura prevê regras inéditas para a ocupação do PIDS, como incentivos para uso de calçadas drenantes, redução da emissão de gases que causam o efeito estufa, utilização de energia solar, avenidas largas e integração de modais diversos de transporte, como ônibus, carros, bicicletas e circulação de pedestres. 

De acordo com a secretária, a utilização de tecnologias de preservação ambiental e uso de energias limpas e renováveis permitirão a flexibilização de altura e coeficientes de utilização das futuras construções no PIDS. A proposta inicial é que os prédios a serem instalados tenham altura máxima de sete andares, para promover a padronização, com o térreo sendo destinado para atividades de comércio e serviços para atender os futuros moradores. 

As diretrizes para a área devem prever ainda a distribuição do uso do solo, mobilidade, corredores verdes e atividades a serem desenvolvidas na área central do território. Há ainda a possibilidade do HIDS agregar o futuro Hospital Metropolitano, cuja criação vem sendo discutida pelos 20 municípios que compõem a RMC e o Governo do Estado. “O projeto representa uma grande oportunidade de adensar o ecossistema de inovação e tecnologia e unir diversos atores, incluindo empresas, universidades e centros de pesquisa”, afirma Amaral. 

fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/hids-tem-potencial-para-gerar-20-mil-empregos-em-campinas-1.1313181