22/11/07 14h46

Indústria vai investir de olho no mercado interno em 2008

Valor Econômico - 22/11/2007

Apenas 5% das 1.655 empresas ouvidas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) vão dar prioridade para investimentos voltados ao mercado externo no ano que vem. O foco é a demanda doméstica. Além do câmbio desfavorável, outro grande problema revelado pela pesquisa é o alto custo financeiro dos projetos, que obriga 71% das indústrias a usarem recursos próprios. Essa dificuldade, apesar da recente trajetória de queda nos juros, permanece a mesma desde 2001. O estudo da entidade confirmou que, desde 2004, a aplicação de recursos voltados às exportações vêm caindo. Os economistas da CNI Flávio Castelo Branco e Paulo Mol divulgaram ontem os resultados da Sondagem Especial sobre investimentos e alertaram para o problema de as pequenas empresas serem as que mais precisam investir, mas, por outro lado, são as que têm mais dificuldades para obter financiamentos. As informações da CNI também revelaram que os bancos comerciais privados deram, em 2007, mais crédito às indústrias que os bancos de desenvolvimento e as instituições financeiras públicas. A sondagem mostrou que 42% das indústrias pretendem investir na compra de máquinas e equipamentos para, principalmente, aumentar a produção e atender à maior demanda interna em 2008. Na média, 20% das empresas do setor declararam à CNI que estão com capacidade aquém da demanda prevista para o ano que vem. A situação das grandes indústrias é mais folgada porque 86% delas responderam que estão adequadas à demanda projetada para o próximo ano. Nas pequenas, 22% delas estão com capacidade menor que a necessária. Os quatro setores com maiores registros de pouca adequação à demanda prevista para 2008 são: álcool, máquinas/equipamentos, outros equipamentos de transporte (exceto veículos automotores) e minerais não-metálicos. Nesse grupo, pelo menos 25% das indústrias estão com capacidade abaixo do necessário para 2008. Em 2007, seis setores tiveram maior participação nos investimentos: álcool, bebidas, metalurgia, materiais elétricos, veículos automotores e máquinas/equipamentos. No extremo oposto, as maiores frustrações foram nos segmentos de móveis, couro, calçados, madeira e borracha. O quadro deste ano, também revelado pela sondagem, mostra que 86% das indústrias planejaram investir e 85% desses investimentos foram realizados, mesmo parcialmente.