11/03/14 14h51

InterContinental abre franquia para dobrar operação no Brasil

Valor Econômico

O IHG InterContinental Hotels Group, maior rede hoteleira do mundo por número de quartos, vai mais que dobrar o número de hotéis no Brasil, dos atuais 14 para 29, dentro de três anos. A iniciativa faz parte do plano do grupo até 2023, que busca chegar a 50 empreendimentos sob gestão. A meta até 2017 é elevar dos atuais 2,99 mil para 5 mil a quantidade de leitos da rede no país.

O maior empreendimento a ser inaugurado pelo grupo nesse cronograma é o do complexo Porto Maravilha, no Rio, que terá uma unidade Holiday Inn e uma Holiday Inn Express, que vão somar mais de 500 quartos - o segundo maior do país, após o Holiday Inn Anhembi, em São Paulo, que é o maior da América Latina, com mais de 700 leitos.

Segundo o vice-presidente regional de desenvolvimento Brasil, Ricardo Manarini, a expansão da rede no país vai ser puxada pela bandeira Holiday Inn Express, voltada para o hóspede de negócios, e pelo sistema de franquias. "Esse é o sistema mais adequado para as cidades do interior de médio porte e para as unidades do Holiday Inn Express nas capitais", disse. "Para os hotéis Holiday Inn, Crowne Plaza e InterContinental devemos optar pelo sistema de hotel administrado", afirmou, sobre as outras bandeiras que o grupo opera no país.

O IHG tem hoje 11 contratos assinados para novos empreendimentos e negocia mais quatro, em fase final de discussão. Dos acordos já fechados, sete são operações de franquia e quatro serão bandeiras administradas.

Nas franquias, o hotel é administrado pelo próprio investidor que ergueu o empreendimento, a partir de um contrato de uso da marca com o grupo IHG. "Fechamos o contrato de franquia após um longo processo de seleção, aprovado pela central nos Estados Unidos", conta Manarini. "Afinal, é nossa marca que está em jogo", disse Manarini.

Nesse sistema, cabe ao IHG entregar a gestão de marca, acesso à rede de operadoras de turismo, definição dos processos administrativos e comerciais do hotel. Já o dono administra a operação - da contratação de mão de obra ao relacionamento com fornecedores -, além do gerenciamento de quartos, restaurantes, bares e outros equipamentos dos hotéis.

Esse sistema vai valer nos contratos assinados para Goiânia e Natal (ambos Holiday Inn) e para os Holiday Inn Express de Rio Branco (AC), São Luis (MA), Marília e Santa Bárbara d'Oeste (SP) e Manaus (AM).

Todos os novos empreendimentos serão financiados por recursos de investidores institucionais ou grandes aplicadores - um por hotel. Essa forma de incorporação foge ao padrão mais comum no Brasil, onde a hotelaria vem crescendo graças ao formato do condo-hotel, em que vários investidores, pequenos, médios e grandes, adquirem um ou vários quartos em um mesmo empreendimento.

O IHG tem postura cautelosa em relação a esse formato. Das 14 unidades em operação hoje no país, apenas quatro hotéis pertencem à condomínios de investidores. "Somos conservadores com relação a esse sistema", admite o vice-presidente de desenvolvimento do IHG no Brasil.

Para Manarini, o formato de condo-hotel torna mais arriscada a gestão dos empreendimentos porque exige consenso de múltiplos investidores para decisões operacionais e estratégicas, de curto ou longo prazo. "Tudo precisa de assembleia, e o IHG vê com cautela esse modelo".

O executivo diz que o IHG seria maior no Brasil se o modelo de financiamento dos empreendimentos hoteleiros no país fosse baseado no mercado de capitais ou no crédito bancário. "Só não somos líderes na América Latina por causa do Brasil", diz Manarini. "Nos outros mercados, superamos a Accor ".

Segundo ranking da Jones Lang LaSalle, o IHG aparece em 9º lugar na lista das maiores redes hoteleiras no país. A líder é a Accor, com 30 mil quartos.

No mundo, o InterContinental fechou 2013 com 4,697 mil hotéis, 237 unidades a mais que no ano anterior. O número de empreendimentos em desenvolvimento, com acordos já assinados, soma 1,12 mil.

A receita da holding atingiu US$ 1,9 bilhão ano passado, 1,71% mais que em 2012, gerando um lucro operacional de US$ 668 milhões, ou mais 10,41% ante o exercício anterior.

"O Brasil é um mercado importante para o grupo, por isso, queremos ter 50 unidades em dez anos", disse Manarini. "Mas o crescimento tem que ser sustentável".