19/03/07 14h57

Investimento direto retoma nível da era da privatização

Valor Econômico - 19/03/2007

O ingresso de investimentos estrangeiros diretos no Brasil cresceu significativamente nos últimos meses e já atinge níveis próximos aos registrados entre 1998 e 2001, quando o país recebeu volumes recordes de capital externo para atividades produtivas. Nos 12 meses encerrados em janeiro, o volume bruto de investimentos diretos - o líquido exclui repatriações de capital feitas pelas empresas multinacionais - foi de US$ 33,4 bilhões, pouco abaixo da média de US$ 34,6 bilhões do período 1998-2001. A grande diferença é que esse foi o auge das privatizações no Brasil, enquanto atualmente não há um programa de venda de estatais em curso. Em 2006, os segmentos que tiveram maior ingresso de investimentos estrangeiros para participação no capital (que não incluem empréstimos intercompanhias) foram os de intermediação financeira, com US$ 2,992 bilhões; eletricidade, gás e água quente, com US$ 2,332 bilhões; metalurgia básica, US$ 1,719 bilhão; e celulose e papel, US$ 1,619 bilhão. Do total de investimentos em participação no capital, o volume para a indústria cresceu de 30,2% em 2005 para 38,5% em 2006. Isso mostra que o setor ganhou espaço sobre a área serviços, em que houve queda de 59,7% para 54,5%, e da agricultura, pecuária e extrativismo mineral, com recuo de 10,1% para 7%. O fluxo líquido de investimentos diretos também cresceu nos últimos meses, chegando a US$ 19,7 bilhões nos 12 meses encerrados em janeiro. Mas ainda está bastante abaixo do ingresso bruto por causa das repatriações, que no período totalizaram US$ 13,7 bilhões. Para Barros, esse movimento se deve principalmente ao que ele chama de "oportunismo cambial", pelo qual a matriz decide repatriar recursos aproveitando a valorização da moeda, uma vez que, com uma taxa apreciada, os reais compram mais dólares. Por esse raciocínio, a maior parte das saídas não significa que há um abandono maciço do país. Os analistas acreditam que há oportunidades interessantes de investimento no Brasil, principalmente nos setores ligados às áreas de infra-estrutura, commodities e naqueles voltados ao mercado interno.