04/10/22 11h33

Levantamento aponta crescimento da indústria do setor de máquinas agrícolas

Nas revendas da região de Rio Preto, tratores têm maior procura; outra opção é o aluguel dos equipamentos

Diário da Região

As vendas de tratores e colheitadeiras de grãos registraram aumento de 20% neste ano em comparação ao ano passado. De acordo com os produtores, com o crescimento das produções de grãos em todo o País, os investimentos em máquinas agrícolas acompanharam a demanda do agronegócio. Na indústria, levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta que neste ano o setor de máquinas agrícolas teve melhor desempenho nas vendas. 

Na avaliação de Osmair Guareschi, com a pandemia do coronavírus, as indústrias de máquinas agrícolas estão ainda com atrasos para a entrega de tratores e colheitadeiras, os mais procurados pelos produtores rurais. Proprietário de revenda de equipamentos agrícolas em Rio Preto e na região, Osmair explica que as vendas cresceram 20% neste ano, mas poderiam ser maiores se não tivesse um atraso da indústria para a entrega. 

Além disso, muitos componentes e implementos agrícolas são fabricados por países atingidos pela guerra do leste europeu. Segundo Osmair, há muita falta destes componentes fabricados pela Rússia. Outros são fabricados pela China, onde se interrompeu a fabricação por conta da pandemia. 

“Vários modelos de tratores do nosso portfólio estão demorando até nove meses para serem entregues pela indústria e chegarem até o cliente. Se não fosse isso, as vendas que hoje oscilam entre 10% e 12%, poderiam ser 30% maiores”, afirma. Osmair diz ainda que em suas revendas há uma maior falta de plantadeiras e pulverizadores, que atendem as culturas de grãos e cana-de-açúcar, lavouras de maiores demandas na região do noroeste paulista. 

Mais caras 

Em outra revenda de Rio Preto, o responsável pelas vendas de máquinas agrícolas, Flávio Ricardo Gouveia, diz que as entregas de máquinas agrícolas comercializadas no mês de março deste ano foram entregues a partir de julho. “As indústrias não conseguem entregar as máquinas e implementos agrícolas para as revendedoras. Falta pneu, módulo de farol, entre outros componentes, para a fabricação destes equipamentos”, completa. 

Os preços das máquinas agrícolas também impactaram nas vendas que Flávio estima 20% maiores neste ano em comparação a 2021. “Os tratores, de vários portes, e principalmente, as colheitadeiras, tiveram preços altos para o produtor. Um trator que custava R$ 110 mil, hoje custa R$ 250 mil. A colheitadeira, de R$ 550 mil, passou a ser vendida por R$ 1,2 milhão”. 

Exportações em alta

De acordo com a diretora de economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella, os dados do levantamento realizado em agosto demonstram maior desempenho nas exportações de máquinas e equipamentos brasileiros, um crescimento anual de 28%. No mercado interno, o setor acumula queda de 6,9% neste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. 

“Alguns setores, no entanto, continuam com bom desempenho no mercado interno, como o de máquinas agrícolas e da construção civil. Ainda não é suficiente para anular a queda de setores que fabricam componentes, por exemplo. Com esses números, esperamos para 2023 uma queda na receita líquida de vendas, da ordem de 2,9%”, comenta Cristina. 

Para o gerente de relações institucionais da Miac, indústria da cidade de Pindorama, Luiz Antonio Vizeu, o setor de implementos agrícolas cresceu 10,9% até o mês de junho em relação ao mesmo período do ano passado. “É um excelente desempenho do setor se considerarmos que em 2021 crescemos mais de 40%”. 

Segundo Vizeu, alguns tipos de implementos, com maior tecnologia, podem estar ainda com problemas de falta de componentes. “Mas de uma maneira geral as entregas estão se normalizando”, conclui.  

Compra e aluguel

Produtores têm investido em plantio de grãos, um mercado de commodities que atrai por maior rentabilidade. E o investimento em máquinas vem acompanhando o aumento das produções, como a soja - com 1,26 milhão de área plantada em todo o estado de São Paulo. A maior parte de agricultores faz a compra dos equipamentos, mas também investe em aluguel de máquinas agrícolas. 

O produtor André Seixas, que cultiva soja na região de Rio Preto, afirma que tem maior demanda de trator na época do plantio e faz a opção por locação desse equipamento. “As janelas para o plantio de grãos geralmente são curtas, precisamos de equipamentos como plantadeiras e tratores. Eu prefiro fazer com prestadores de serviços”, diz André. Mas neste ano, o produtor destaca que investiu na compra de um pulverizador para usar na plantação do grão. 

Luiz Carlos Ribeiro, de Orindiúva, optou por investimentos em quatro tratores e um pulverizador. Da linha uniport, o pulverizador para a aplicação de defensivo químico é um equipamento com mais tecnologia, e custou R$ 1 milhão há um ano, quando o produtor fez a compra. “É uma máquina muito eficiente e trabalho bastante nas lavouras de soja e cana com este pulverizador”. 

Na região de Catanduva, o produtor Marcelo Arruda comprou um pulverizador para trabalhar na plantação de soja, investimento de R$ 800 mil. “Já utilizei a prestação de serviços também, alugando as colheitadeiras em outras safras. É normalmente assim que funciona, quando não se tem a máquina, a gente opta por aluguel”. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/levantamento-aponta-crescimento-da-industria-do-setor-de-maquinas-agricolas-1.1009692