24/08/07 11h02

Moody’s eleva rating e Brasil fica a um passo do grau de investimento

Gazeta Mercantil - 24/08/2007

A agência de classificação de risco Moody's elevou ontem a nota de crédito do governo brasileiro em moeda estrangeira e moeda local de Ba2 para Ba1. A perspectiva é estável. Com a mudança, a instituição alinhou o rating do País ao das agências Fitch e Standard & Poor''s, que já haviam melhorado a classificação brasileira há três meses, também para um nível abaixo do grupo considerado de baixo risco de crédito. O principal motivador para a decisão, segundo o analista sênior da Moody's, Mauro Leos, foi a redução da vulnerabilidade externa do País. Desde a última vez em que a Moody's elevou a nota brasileira, em setembro do ano passado, todos os indicadores externos brasileiros passaram por melhoras importantes. O estoque de reservas externas mais do que dobrou, subindo de US$ 70 bilhões para cerca de US$ 160 bilhões. Além disso, o total de dívida externa em relação às exportações caiu à metade, ao mesmo tempo em que o endividamento total do governo recuou de 58% para 53% do Produto Interno Bruto (PIB). Para Leos, mesmo com a turbulência do mercado financeiro nas últimas semanas, que fez o Banco Central suspender a compra de dólares para reforçar reservas, a melhora dos indicadores externos do Brasil deve continuar, o que serve como defesa contra os efeitos de eventuais choques externos. A melhora da classificação já era esperada, como noticiou ontem a Gazeta Mercantil. Mesmo assim, reforçou a expectativa de profissionais do mercado de que o Brasil vai entrar para o grupo das nações consideradas de baixo risco já no ano que vem. A expectativa em torno da conquista deste selo deve-se ao fato de que grandes investidores só comprarem papéis de países de baixo risco, os únicos que fazem parte do índice internacional de renda fixa do banco Lehman Brothers, considerado um dos mais importantes do mundo. Para Leos, no entanto a possibilidade de que isso aconteça em breve é remota. De acordo com o analista da Moody's, apesar da melhora dos indicadores externos, o País precisa passar por evolução importante nas contas domésticas se quiser atingir essa meta, processo que passa pelas reformas tributária e previdenciária, e cuja aprovação pode enfrentar complicações do cenário político.