Novartis avalia novo destino para projetos de pesquisa

Valor Econômico - 24/08/2007

O laboratório farmacêutico Novartis poderá transferir para o Brasil parte de investimentos que planejava para a Índia, indicou ontem o porta-voz do grupo suíço, John Gilardi. O porta-voz reiterou que o Brasil é "uma das opções", mas completou com prudência que "os investimentos vão para onde os direitos de propriedade intelectual são respeitados". Daniel Vasella, presidente da companhia, anunciou esta semana que a Novartis renunciava investir em pesquisa e desenvolvimento na Índia, em proveito de outros países, depois de uma decisão da Justiça indiana que rejeitou os pedidos da empresa, interpretada em Basiléia como enfraquecimento dos direitos de propriedade intelectual. O grupo farmacêutico contestava uma lei local que não concede automaticamente patente a um novo tratamento feito a partir de medicamento já existente. A Novartis não abandona, porém, o mercado indiano, ainda mais porque deverá ser o décimo maior do mundo em 2015, segundo a consultoria McKinsey, pesando US$ 20 bilhões comparado a US$ 6 bilhões atualmente. Quando o Brasil quebrou este ano uma patente da Merck, a indústria farmacêutica reclamou forte. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, respondeu as críticas em discurso na Organização Mundial de Saúde (OMS). Depois de insistir que a medida era consistente com as regras internacionais, o ministro observou: "Algumas (empresas) manifestam preocupações com o impacto negativo sobre investimentos. Mas isso leva a questão: que tipo de investimento? Não em produção de medicamentos. Muito menos em pesquisa e desenvolvimento que leve a avanço tecnológico, já que, como todos sabemos, essas atividades são reservadas para as centrais das grandes companhias farmacêuticas ou, no máximo, para suas filiais em outros países desenvolvidos."