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Para ganhar a Ásia, Brasil deve buscar acordos bilaterais

Valor Econômico - 24/08/2007

O já previsto aumento da demanda por alimentos por parte da China e de países do Sudeste Asiático significa para os países exportadores agrícolas uma grande oportunidade, mas também um grande risco: a dependência crescente em relação a países que ainda mantêm uma política comercial pouco transparente. Para dirimir esse risco e garantir melhores fatias do mercado asiático, o Brasil precisa ampliar os acordos bilaterais com China, Índia, Indonésia, Tailândia e Filipinas. Esses países são considerados os de maior potencial de crescimento de consumo e importação de produtos agrícolas, conforme estudo organizado pela Rede de Pesquisa do Agronegócio Ásia-América Latina (Alarn), financiada pela Fundação Hewlett e coordenada pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). "Cada vez mais o poder de negociação dos países asiáticos aumenta e hoje, Estados Unidos e Europa já não conseguem barrar a China. Esse poder só vai aumentar", afirmou André Meloni Nassar, diretor-geral do Icone. Ele observou que o Brasil ainda possui pouca participação nos mercados asiáticos. Do total das importações feitas pela China, 8% vêm do Brasil, sendo que a soja representa mais de 90% das exportações, além de fumo e suco de laranja. O Brasil também tem participação de 4,5% nas compras da Índia, 9% na Tailândia, 4% nas Filipinas e 2% na Malásia. Nesses países, a demanda concentra-se em soja, fumo e açúcar - esses dois últimos, por conta de problemas na produção doméstica desses países nos últimos anos. "Filipinas são o único país que compra carne bovina do Brasil", observou Nassar. Nassar observou ainda que a China já tem feito investimentos em países da África para garantir oferta de produtos agrícolas, mas esses países ainda sofrem problemas de instabilidade política que pode comprometer a oferta de alimentos para os asiáticos. "O Brasil, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile têm todas a condições de serem os principais fornecedores de produtos agrícolas para os países da Ásia, mas precisam estar preparados para essa demanda", disse Nassar.