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Paulistanas terão um shopping center só de calçados

Valor Econômico - 16/04/2007

A intimidade de Mario de Almeida Neto com o mundo dos calçados começou há dois anos, quando ele montou uma loja de sapatos para uma das filhas, Patrícia. Não encontrou espaço nos grandes shopping centers de São Paulo. "Eles têm uma cota para cada ramo do comércio e este já está todo ocupado". Mas, em compensação, Almeida descobriu que a maioria dos 8,4 mil fabricantes de calçados no Brasil, que faturam juntos R$ 11 bilhões (US$ 5,4 bilhões) ao ano, não tem representação comercial no principal mercado do país, São Paulo, Estado que responde sozinho por 36% do consumo nacional de sapatos. Era a oportunidade para o empresário, dono da construtora e incorporadora Proincorp, lançar um empreendimento na capital paulista juntando as três pontas do negócio: fábricas, varejistas e consumidores. Assim nasceu o projeto do Empório do Calçado, um shopping exclusivo de sapatos, que será inaugurado na segunda quinzena de agosto, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, com um investimento estimado em R$ 15 milhões (US$ 7,3 milhões). Longe de acreditar que há saturação no mercado paulistano, que irá sediar oito dos 23 grandes shoppings com inauguração prevista até 2009, Almeida afirma que há espaço para crescer na capital, especialmente quando se trata de centros de compras segmentados. Com 26% da produção anual de 725 milhões de pares de calçados vendida no exterior, o Brasil é o quinto maior exportador de sapatos do mundo, depois dos asiáticos China, Hong Kong e Vietnã e também da Itália, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Os Estados Unidos são os maiores compradores, respondendo pela metade da receita com exportações. Mas a atividade vem sendo afetada com a valorização do real e a forte concorrência com os sapatos chineses, pelo menos 50% mais baratos. "Diante desse cenário, interessa aos fabricantes brasileiros aumentar as vendas no mercado interno", diz Almeida Neto. O país é dono da terceira maior produção mundial (só perde para China e Índia) e é o quinto maior consumidor (antes vêm China, EUA, Índia e Japão).