12/11/14 13h00

Rimowa produz malas de luxo no interior de SP

Valor Econômico

A alemã Rimowa está, nesta semana, enviando um lote de malas modelo Bossa Nova de sua fábrica em Indaiatuba (SP) para um contêiner rumo a Hong Kong. A líder mundial em malas e bagagens de luxo instalou no Brasil uma plataforma de exportação para América Latina e mercados emergentes.

Fundada em 1898 pelo artesão Paul Morszeck e dona da mala de alumínio eternizada nas telas do cinema pelo agente 007, a Rimowa investiu € 10 milhões na nova fábrica, que já está operando mais ainda não foi oficialmente inaugurada. Ela substituiu uma montadora que a Rimowa tinha no país desde 2011, também em Indaiatuba. "Antes importávamos as peças e apenas montávamos as malas aqui. Agora, passamos a executar todo o processo", diz Sérgio Barreto, executivo da Rimowa no Brasil.

Quando estiver operando a plena carga, quatro linhas de produção darão conta de uma fornada anual de 75 mil malas, das quais 60 mil irão para o mercado externo. Na montadora anterior, eram produzidas 15 mil unidades e havia 17 funcionários. A atual emprega 50.

Fazer no Brasil malas que podem passar por até 90 etapas de produção, levar mais de 150 componentes e custar até R$ 15 mil, foi um desafio a que se propôs o dono da Rimowa, Dieter Morszeck, da terceira geração da empresa que nasceu e segue familiar, com faturamento anual de € 300 milhões. Morzeck mora em Colônia, cidade alemã onde está sediada a empresa, fala português e visita o Brasil com frequência.

Incentivado por Barreto, que desde 2011 toca a operação no Brasil e países vizinhos, Dieter acreditou que, ao produzir aqui, poderia vencer a barreira dos preços. Os impostos de importação chegam a encarecer o produto em até 50%, o que tornava pouco sedutor ao freguês brasileiro comprar no país, onde a Rimowa se instalou desde 2007, com sua primeira loja. Hoje são sete unidades, além da loja virtual. No mundo, somam 106. Depois da China, com 25 unidades, e de Taiwan (14), o Brasil é o terceiro em número de lojas. "Concorríamos entre nós, já que o cliente preferia comprar lá fora, durante uma viagem", diz Barreto.

Assim que a Rimowa passou a produzir aqui os preços se tornaram mais acessíveis. E, com a vantagem ainda, lembra ele, de que no Brasil a compra pode ser parcelada. No exterior, não. "Quando passamos a montar as malas aqui, o preço de uma mala de bordo caiu de R$ 1.920, para R$ 900", lembra Barroso. Hoje, depois de três anos, está 1,2 mil.

Para montar a fábrica e garantir a mesma qualidade, a Rimowa importou o maquinário de países da Europa e do Canadá, os moldes da matriz e seguiu comprando as peças de exclusivos fornecedores mundiais. O zíper das malas, capaz de aguentar a pressão de 110 quilos, vem da Itália, o tecido que reveste o interior da mala, da República Tcheca; a alça, da Dinamarca. As rodinhas, com rolamento e giro de 360ºC, são francesas. O policarbonato é importado da Suécia e o alumínio, da Alemanha.

Na fábrica brasileira, serão produzidos dois modelos, Bossa Nova e Salsa Air, de policarbonato. Demais modelos, como os de alumínio, serão apenas montadas com os kits que vêm da Alemanha.

Em sua estratégia, a Rimowa decidiu implantar fábricas em Praga e Toronto, além de Colônia, onde está a matriz. Os planos para o Brasil são de continuar expandindo, com abertura de lojas próprias. Além das seis atuais, uma unidade outlet será aberta até o fim do ano no shopping Catarina, em São Paulo. Ali serão vendidas coleções descontinuadas. E ano que vem desembarca em Belo Horizonte. "Os planos são de abrir pelo menos mais três lojas, sendo duas delas no Nordeste, onde ainda não estamos presente", diz.