09/03/20 14h02

Startup leva reconhecimento facial a aviões, bancos, escolas e hospitais

FullFace foi uma das startups selecionadas para o 100 Startups to Watch, lista que reúne startups mais atraentes do país. Negócio projeta triplicar faturamento em 2020

Pequenas Empresas e Grandes Negócios

Fazer check-in e embarcar em um avião, mostrar sua carteirinha do plano de saúde no hospital, abrir uma conta corrente no banco ou realizar uma prova online. Todas essas situações pedem uma verificação de identidade – e estão ganhando um banho de precisão graças ao reconhecimento facial.

Uma startup brasileira está crescendo justamente com uma tecnologia proprietária de biometria do rosto. A Fullface atende 40 clientes atualmente e duplicou seu faturamento em 2019. Para este ano, projeta triplicar os ganhos.

A Fullface foi escolhida para a lista 100 Startups to Watch em 2018. A seleção é uma amostra do que o Brasil tem de mais promissor em inovação. As empresas selecionadas demonstram potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar indústrias. Seus produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o seu crescimento.

Acesse o site e cadastre sua startup no 100 Startups to Watch 2020 – o prazo se encerra hoje (9/3). “Estar na lista nos ajudou a captar um investimento semente de R$ 5 milhões”, diz o cofundador e presidente Danny Kabiljo.

Ideia de negócio: reconhecimento facial ágil, leve e seguro

Danny Kabiljo é engenheiro civil, mas fez sua carreira em negócios: trabalhou em uma empresa de supermercados e teve unidades franqueadas no setor de beleza. Kabiljo sentiu na pele como o contato com os consumidores estava se tornando cada vez mais digital – e menos seguro. “É difícil garantir que você está se comunicando com aquela pessoa mesma na hora de fazer uma transação bancária ou aplicar uma prova online, por exemplo”, diz.

Kabiljo se uniu ao então gerente de tecnologia da informação José Guerrero para criar a solução biométrica Fullface em 2013. O desenvolvimento da tecnologia proprietária de reconhecimento facial levou dois anos. A Fullface analisa 1.024 prontos de um rosto para gerar 99% de precisão.

Segundo Kabiljo, o que conquista as empresas é a união de eficiência e escala: a startup não exige equipamentos específicos para colocar sua tecnologia. As imagens podem ser captadas por câmeras, celulares e computadores. As fotos são transformadas em números, o que facilita análises e dá proteção contra vazamentos. Os códigos são armazenados principalmente em uma nuvem de propriedade da Fullface, cortando custos das empresas com hospedagem. A Fullface afirma estar de acordo com regulações de privacidade europeias e brasileiras, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A Fullface conquistou seus primeiros clientes em 2015. A startup foca principalmente em grandes empresas de áreas como aviação, bancos, educação e saúde. São empreendimentos com grande volume de informações e com necessidade de autenticação de identidade para diversos processos. A Fullface tem hoje 40 clientes ativos e opera no modelo de software como um serviço (SaaS), cobrando uma mensalidade.

Um exemplo é a companhia aérea GOL. A Fullface criou um check-in com reconhecimento facial em 2017, pelo qual o usuário tira uma selfie e não precisa digitar números gigantes ao viajar. Em 2019, a Fullface levou o reconhecimento facial ao portão de embarque. O usuário olha para a câmera e a startup libera o acesso após conferir informações com a própria GOL e com órgãos de segurança. O projeto já foi levado a alguns portões e deve ser ampliado no segundo semestre de 2020. A GOL espera reduzir o tempo de embarque em 48%, indo de 19 minutos para 10 minutos.

Estratégia de crescimento: reconhecimento facial na boca do povo

Em 2018, a Fullface foi uma das selecionadas para a lista 100 Startups to Watch. Meses depois, captou um investimento semente de R$ 5 milhões com o fundo de investimentos Primatec. Em 2019, participou de uma aceleração promovida pelo banco Santander e pela entidade de fomento ao empreendedorismo Endeavor.

Aos poucos, a proposta de reconhecimento facial da startup foi conquistando mercado. “As empresas achavam que a gente estava falando muito sobre o futuro. Tínhamos um grande trabalho em provar que o reconhecimento facial já era presente”, diz Kabiljo. “Agora, o cliente já vem conversar sabendo onde quer aplicar nossa solução. O mundo inteiro fala em reconhecimento facial.” Em 2019, a Fullface dobrou seu faturamento.

O plano para este ano é escalar: a Fullface projeta triplicar o faturamento e ir de 17 para 30 funcionários. “Temos uma tecnologia madura e um modelo de negócios validado. É a hora de acelerar o crescimento e conquistar mais clientes”, diz Kabiljo. Nem mesmo outros países estão fora de questão: a adequação a leis de privacidade europeias abre espaço para abordar companhias internacionais. O mundo está cada vez mais digital – e a preocupação com autenticação de identidade não tem data de validade.