26/05/20 14h53

Startup para funcionários escolherem seus benefícios cresce com a pandemia

Pela Caju, colaboradores podem trocar vale-refeição pelo vale-alimentação ou pela assinatura da Netflix sem complicações. Startup triplicou de tamanho em abril

Pequenas Empresas e Grandes Negócios

Como dono de negócio, você já quis oferecer benefícios diferentes à sua equipe? Como funcionário, já quis usar o dinheiro de algum benefício para fazer outra coisa? É nessa flexibilidade que aposta a Caju.

A startup começou a operar sua proposta de benefícios flexíveis neste ano. O modelo de negócio conquistou cerca de 200 empresas e 6,5 mil funcionários. Os tempos de pandemia geram novas prioridades quanto aos gastos dos benefícios -- e a Caju só cresce com isso.

Agora, a startup aproveita essa antecipação de tendência para expandir seu volume transacionado e serviços oferecidos.

Ideia de negócio: benefícios flexíveis

A Caju começou a operar em janeiro deste ano, criada pelos empreendedores Eduardo del Giglio e Renan Mendes. Enquanto Mendes acumulou experiência em tecnologia, Giglio começou a empreender logo depois da faculdade de Economia. Criou a partir do próprio quarto um marketplace de diaristas chamado Bloompa, que chegou a mediar mil faxinas mensais.

Três anos depois, Giglio vendeu sua participação. Virou consultor na McKinsey, quando acabou conhecendo a área de benefícios das empresas. "Faltava alguma coisa naquele produto. O mercado de benefícios tem alta margem e uso, mas presta um serviço abaixo do esperado", diz o cofundador.

Em janeiro de 2019, tornou-se empreendedor residente no fundo de investimentos Canary e conheceu Renan Mendes. Os dois trabalharam durante um ano no que se tornaria a Caju. No meio do caminho, receberam um aporte semente do Canary, do Valor Capital Group e de investidores anjo.

As empresas se cadastram na startup e listam seus benefícios e orçamento para cada um deles: quanto darão de vale-refeição, vale-alimentação, vale-transporte e vale-cultura, por exemplo.

Já os funcionários recebem um único cartão de crédito da bandeira Visa. Por meio do aplicativo da Caju, podem pedir migrar os saldos entre diferentes categorias de benefícios. Por exemplo, podem transferir dinheiro do vale-refeição ao vale-alimentação porque estão preparando suas refeições durante a quarentena. Ou acumular mais dinheiro no vale-cultura para comprar livros e cursos.

Para o funcionário, a Caju coloca como diferencial não apenas a migração do dinheiro entre as categorias. Também diz ter mais opções dentro de cada benefício. Em saúde, a startup tem parcerias com aplicativos de meditação. Em cultura, firmou acordos com serviços de streaming, como Netflix e Spotify. São mais de 2 mil negócios parceiros. A Caju confere cada transação por meio de uma inteligência artificial própria, conferindo se o gasto está de acordo com a categoria selecionada e o saldo disponível.

A empresa usa gratuitamente o serviço da Caju. A startup se monetiza a partir de uma taxa repassada pela bandeira do cartão a cada compra. A Caju atende cerca de 200 companhias e 6,5 mil funcionários. A maioria delas é feita de startups, como Descomplica, Gupy, Loft, Revelo e Volanty.

"A empresa não gasta mais necessariamente e consegue dar flexbilidade ao funcionário. Algumas preferem aumentar o benefício em detrimento do salário, porque não entra nos cálculos de imposto de renda ou aposentadoria e ajuda a atrair e reter talentos", diz Giglio.

As empresas podem definir um valor mínimo em cada benefício, que não pode ser sacado, para manter seu acordo com sindicatos. Um ponto curioso destacado pelo cofundador é o aumento de gastos com educação. Os usuários transferem dinheiro para comprar cursos online. "As empresas gostam dessa atitude. A Caju ajuda esses funcionários a obterem mais capacitação e depois a performar melhor."

Cada funcionário gasta entre R$ 700 e R$ 800 por mês pelo cartão de crédito da Caju. O hábito gera um volume transacionado mensal de cerca de R$ 5 milhões.

Caju: pandemia e planos para 2020

A Caju cresceu acima do que esperava nesta pandemia. "Não achamos que seria um grande crescimento, mas nossa flexibilidade fez a diferença. Era uma tendência que só foi acelerada agora. Apesar de todas as outras notícias muito ruins, começamos o produto numa época com boa aderência", diz Giglio.

A startup triplicou o número de clientes e o volume transacionado durante abril, na comparação com março deste ano. Para maio, a Caju projeta pelo menos duplicar o tamanho visto em abril. O plano é chegar a 250 empresas clientes. Até o final de 2020, estima um volume mensal de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões.

Em 2021, a estratégia será acrescentar outros produtos do mercado de benefícios. A Caju ainda estuda quais serão essas adições, mas previdência privada e consignado fazem parte da lista de análise. Necessidades dos funcionários não faltam -- especialmente enquanto ainda estivermos em períodos tão incertos quantos o desta pandemia.