25/11/19 14h14

Universidades da França e de São Paulo investem em colaboração internacional

FAPESP

A colaboração internacional é uma forma de ampliar a qualidade das pesquisas e a competitividade das universidades. Tanto que instituições de ensino superior em todo o mundo adotam planos estratégicos de internacionalização que combinam não só a mobilidade de estudantes e professores, como também a colaboração em projetos de pesquisa.

“Recentemente, fizemos uma análise de nossas parcerias, destacando forças e fraquezas, e identificamos que, embora tivéssemos muitos acordos, poucos eram realmente ativos. Passamos então a focar em parcerias com poucas universidades, mas com atuação importante e nas áreas de pesquisa em que somos fortes”, disse Stéphane Riou, pró-reitor de Pesquisa da Université Jean Monet Saint-Étienne (França), durante mesa-redonda sobre estratégias para a colaboração internacional realizada na última quinta-feira (21/11), durante a programação da FAPESP Week France.

De acordo com Riou, a despeito dos cerca de 170 acordos de colaboração da universidade francesa, apenas 25 eram realmente ativos. “Fizemos um trabalho para explicar à comunidade científica a revisão de nossa estratégia e garantimos investimento em novas colaborações”, disse.

Diferentemente da Université Jean Monet Saint-Étienne, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) não define áreas de pesquisa prioritárias ao prospectar parcerias, pois sua estratégia de colaboração internacional está centrada na escolha da instituição parceira.

“Nossa estratégia está em fazer parcerias com universidades que tenham o mesmo tamanho e o mesmo espírito em fazer pesquisa. É dessa maneira que formamos parcerias com universidades da França e de outros países. Para isso, investimos em eventos que coloquem pesquisadores em contato. A expectativa é que um ou dois anos depois desses encontros surjam novas parcerias de qualidade”, disse Munir Skaf, pró-reitor de Pesquisa da Unicamp.

Skaf apontou os 14 Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs) constituídos pela FAPESP em parceria com empresas e sede em universidades e institutos de pesquisa como modelo de colaboração. Nos CPEs, os projetos têm duração de até 10 anos e a divisão de recursos é feita da seguinte maneira: a FAPESP entra com uma parte, a empresa parceira com outra parte equivalente e as universidades entram com duas partes (custeio de instalações físicas e recursos humanos).

Na Université Claude Bernard Lyon a inovação é o foco, informou Anne Giroir-Fendler, pró-reitora de Mobilidade Internacional da instituição. “Somos a universidade mais inovadora da França, pois, proporcionalmente, temos o maior número de patentes do país. Nosso objetivo é desenvolver colaborações de longo prazo com universidades dentro e fora da França. Para isso, também programamos encontros e visitas de pesquisadores estrangeiros aos nossos laboratórios”, disse.

Representantes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) apontaram a preferência de suas instituições por acordos de longa duração.

Na USP, por exemplo, as parcerias com universidades da França têm mostrado resultados positivos para os dois lados. “Os artigos publicados por cientistas da USP têm, na média, impacto 1,22. Mas, naqueles com coautoria de pesquisadores franceses, esse índice aumenta para 5,70. Como se vê, há uma produção científica conjunta importante, sólida e muito eficiente tanto para a USP quanto para as universidades francesas”, disse Carlos Gilberto Carlotti Jr., pró-reitor de Pós-Graduação da USP.

De acordo com Carlotti, nos últimos três anos, foram publicados 2.192 trabalhos com autores da USP e da França, o que representa 9,1% da produção acadêmica da universidade com coautoria internacional. Desse total, 239 (10%) têm coautoria com professores da Universidade de Lyon.

“Uma característica importante dessa colaboração é a presença de trabalhos interdisciplinares e de autores de países diferentes. Geralmente, envolve artigos relacionados a problemas globais e de alto impacto”, disse Carlotti.

Na Unesp, nos últimos 10 anos, foi registrado um crescimento de 5% para 37% da parceria internacional nas pesquisas realizadas. Para Carlos Graeff, pró-reitor de Pesquisa da instituição, o fato se deve ao plano estratégico criado para incentivar a internacionalização.

Mobilidade e intercâmbio

Há ainda um interesse na mobilidade de estudantes e professores. Guillaume Rousset, pró-reitor de Relações Internacionais da Université Jean Moulin Lyon 3, onde está sendo realizada a FAPESP Week France, destacou as principais ferramentas para o intercâmbio de estudantes e de professores, como o Programa Offshore.

“Nesse programa, é possível que o estudante permaneça em São Paulo e a mobilidade é do professor. Isso é interessante para os estudantes brasileiros, que ganham dupla diplomação, e para as universidades parceiras, pois é uma ferramenta para a competitividade”, disse.

O simpósio FAPESP Week France acontece entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em www.fapesp.br/week2019/france/.