22/12/10 11h38

Votorantim importa alumínio para conseguir atender demanda

Valor Econômico

Limitada no aumento da produção, devido ao elevado custo da energia no país, e diante de um mercado doméstico que fecha 2010 com expansão média de quase 30%, a divisão de alumínio da Votorantim Metais, que era operada pela antiga Cia. Brasileira do Alumínio-CBA, acaba de entrar no segmento de reciclagem e já vem recorrendo a importações de alumínio primário para suprir suas linhas de fabricação de produtos transformados. Esse é um dos caminhos para conseguir atender o consumo interno, fortemente aquecido em vários setores - desde chapas para embalagens e perfis para a construção civil e indústria de ônibus até fios e cabos usados em linhas de transmissão de energia e peças fundidas para automóveis.

Em outubro, a VM adquiriu do grupo Silver, a concorrente Metalex, produtora de tarugos de alumínio à base de metal reciclado. O valor do negócio não é revelado. Os clientes da Metalex são inúmeros fabricantes de perfis. A VM-CBA desejava há tempo entrar na reciclagem. "Isso nos dá mais acesso a metal para suprir nossas linhas de produção, num mercado que está crescendo e onde as fontes de metal primário estão escasseando", afirma Marco Antônio Palmieri, diretor do negócio alumínio da VM.

A questão do preço da energia para o setor industrial é o nó enfrentado pela indústria de alumínio no país. A VM-CBA tem um projeto de expansão que depende de encontrar alternativas de gerar energia a custo competitivo. Enquanto isso, a empresa assegura ter planos ainda mais agressivos para crescer na reciclagem. Nem bem acabou de comprar a Metalex- em outubro - e a VM já está ampliando sua capacidade em 30%, para 65 mil toneladas de produção de tarugos de alumínio, no segundo trimestre. A sucata usada é formada por rebarbas de produção de perfis, peças de motor, panelas descartadas, entre outros bens obsoletos. A VM é o maior fornecedor de tarugos no país, com 35% de participação (140 mil toneladas).

Ante o descompasso entre oferta e demanda no mercado nacional, a empresa recorreu à importação de metal primário (mais de 40 mil toneladas de lingotes e bobinas) para beneficiar na fábrica situada em Alumínio (região de Sorocaba-SP), e suprir suas linhas fabris. Com o consumo aquecido, a VM está fechando o ano com venda total de 511 mil toneladas de produtos - incluindo exportações -, ante sua produção de metal primário de 474 mil l toneladas. A demanda local superaquecida forçará a VM a reduzir à metade as exportações em 2011, que representaram 20% das vendas totais neste ano. Segundo o executivo, o setor projeta aumento médio no consumo nacional de alumínio de 8% a 9% no próximo ano.

No negócio de extrudados (fabricação de perfis), a VM está investindo R$ 243 milhões (US$ 142,9 milhões) na instalação de dois equipamentos que vão elevar sua capacidade fabril em 66% e garantir uma participação de mercado em torno de 25%. A primeira prensa acaba de entrar em operação e a segunda virá em março. Esse segmento é o de maior demanda no país em produtos de alumínio, puxada em grande parte pelo boom imobiliário. Vai encerrar o ano com alta de 34,5%, em 280 mil toneladas, conforme dados da Abal.

O investimento responde por 60% dos R$ 400 milhões (US$ 235,3 milhões) totais da empresa no ano passado. Com isso, a capacidade de produção saltará das atuais 42,5 mil toneladas para 70 mil a partir de meados de 2011. Das vendas desse produto, quase dois terços são no mercado imobiliário - o restante para indústrias de transporte e moveleira. O projeto contemplou também uma linha de anodização, o que permite fazer perfis de cores variadas - indo além do cinza e preto para vermelho, vinho, azul, verde. Ao todo, pode alcançar 28 diferentes opções de acabamento, usando tecnologia italiana. "Com isso, ganhamos mais espaço na indústria moveleira, em fachadas e em interiores".

Para 2011, a VM-CBA tem previsão de investir outros R$ 400 milhões (US$ 235,3 milhões), em várias áreas, incluindo mineração de bauxita. Embora sem grandes aportes, as linhas de laminação de chapas e folhas, com programas de otimização, estão obtendo neste ano expansão de 25% na capacidade, explica Palmieri. A VM, com três unidades de negócio - alumínio, zinco e níquel - faturou R$ 5,2 bilhões (US$ 2,64 bilhões) em 2009. O grupo não abre por negócio.