12/11/14 13h05

Yara amplia capacidade de produção no Brasil

Valor Econômico

A multinacional norueguesa Yara International inaugurou ontem uma nova unidade de mistura de adubos em Sumaré, na região de Campinas (SP). Com aportes de R$ 115 milhões, esse é o maior investimento da companhia em uma unidade de mistura no país. A nova planta é considerada a maior e uma das mais modernas do país.

A fábrica em Sumaré é a 33ª unidade de mistura de fertilizantes da Yara no Brasil, onde a empresa começou a atuar na década de 1970. A companhia também mantém três unidades de produção de adubos fosfatados - duas em Rio Grande (RS) e uma em Ponta Grossa (PR).

Com área total de 80 mil metros quadrados, a planta no interior paulista está localizada em um terreno ao lado do Terminal Intermodal de Cargas da Rumo, o que possibilita a integração entre os modais rodoviário e ferroviário. Os caminhões que chegam ao terminal da Rumo para descarregar açúcar, por exemplo, serão os mesmos que transportarão os fertilizantes produzidos pela Yara para as regiões produtoras.

A capacidade de produção total da nova planta é de 1,1 milhão de toneladas por ano, mas a tendência é que a unidade produza cerca de 750 mil toneladas. Com a nova planta, a Yara passa a ter capacidade para produzir 10 milhões de toneladas de adubos no país. Lair Hanzen, presidente da Yara Brasil, disse que a fábrica em Sumaré em parte vai substituir a produção da planta de Cubatão, que está diminuindo, mas apresentará crescimento na distribuição de produtos diferenciados. "Não vai gerar crescimento imediato grande [de distribuição] para a empresa, mas vai [possibilitar] otimizar e explorar nichos de mercado", disse.

Neste ano, a Yara deverá comercializar em torno de 8 milhões de toneladas de adubos no Brasil, volume 5,26% maior ao de 2013. Desde que adquiriu os ativos de adubos da Bunge no Brasil, em um negócio de US$ 750 milhões concluído no ano passado, a Yara passou a liderar o mercado brasileiro de fertilizantes, com cerca de 25% de participação.

Em abril deste ano, a companhia também reinaugurou, com investimentos de R$ 55 milhões, a unidade misturadora de Porto Alegre (RS). Já no mês de agosto, a Yara adquiriu 60% da brasileira Galvani, para aumentar sua produção de fertilizantes fosfatados.

O crescimento da companhia norueguesa no país começou em 2000, quando comprou a Adubos Trevo. Em 2006, reforçou a estratégia, com a aquisição da Fertibras.

No ano passado, o faturamento da Yara no Brasil foi de R$ 5,6 bilhões, contemplando pouco a incorporação da Bunge. Neste ano, a receita deverá subir significativamente, mas a companhia não menciona estimativa. Globalmente, a Yara faturou US$ 14,5 bilhões em 2013, com vendas para cerca de 150 países. A Yara possui hoje mais de cem unidades de mistura e 25 de produção no mundo, distribuição de 23,7 milhões de toneladas de nutrientes agrícolas.

O Brasil é o país que apresenta, desde 2011, o maior faturamento no mapa da Yara International, disse Torgeir Kvidal, presidente interino e CEO da companhia. Ele assumiu o cargo no mês passado, substituindo Jørgen Ole Haslestad, mas está no grupo há 23 anos.

E a América Latina ultrapassou a Europa, consagrando-se como o maior mercado para a companhia. "Vamos continuar a crescer na América Latina", disse Kvidal, seja pelo crescimento orgânico ou por aquisições e novas parcerias. No mês passado, a multinacional anunciou a aquisição do grupo OFD, da Colômbia, que atua na produção e distribuição de adubos em países da América Latina.

Apesar de estar sempre "olhando oportunidades, a companhia não tem planos de investir em unidade de produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil diante do alto custo local do gás natural, matéria-prima para esses produtos. Entretanto, o CEO da Yara não descartou a possibilidade de, no longo prazo, fazer otimizações em unidades ou adquirir planta para essa produção, a depender das condições de mercado.

A Yara também investe em produtos diferenciados, como a tecnologia conhecida como NPK no grão, que permite a melhor aplicação de macro e micronutrientes frente às necessidades de cada cultura, aumentando produtividade. No Brasil, as vendas desses produtos cresceram dez vezes nos últimos cinco anos, para 1 milhão de toneladas, e poderá ter essa mesma expansão nos próximos cinco anos, estima Hanzen.

A maior fábrica desse produto da empresa, localizada na Noruega, recebeu US$ 350 milhões de aportes para aumentar em 15% a produção, que chegará a 2,3 milhões de toneladas por ano, conforme Kvidal.