06/01/16 15h30

Amgen reforça aposta no medicamento biológico

Valor Econômico

A biofarmacêutica Amgen tem planos ambiciosos para o mercado brasileiro de medicamentos no curto prazo. Nos próximos 18 meses, o laboratório pretende trazer ao país cinco novas drogas biológicas, que são consideradas a nova fronteira da indústria global. Além disso, planeja participar das chamadas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), firmadas entre laboratórios públicos e privados com o objetivo de transferir tecnologia e garantir a autossuficiência do mercado nacional desse tipo de medicamento.

No país desde 2009, a companhia americana atua no segmento nacional de genéricos por meio do Laboratório Bergamo, comprado em 2011 por US$ 215 milhões, e já está presente no segmento de biológicos, fármacos produzidos a partir de organismos vivos que serão o motor do crescimento da operação local nos próximos anos.

Em entrevista ao Valor, o presidente da Amgen no Brasil, Mauro Loch, contou que a farmacêutica está aguardando a nova lista de medicamentos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS) para definir a participação nas próximas PDPs. "Entendemos que a operação brasileira já amadureceu e agora estamos prontos para participar do processo", afirmou o executivo.

Hoje, a demanda de medicamentos biológicos no país é atendida integralmente pelas importações e o desejo do governo é transformar o país em plataforma global desses fármacos, a partir da transferência de tecnologia para alcançar produção 100% nacional. Em todo o mundo, o mercado de drogas biológicas é estimado em mais de US$ 160 bilhões por ano.

Desde 2012, o laboratório investiu cerca de R$ 32 milhões na fábrica do Bergamo, localizada em Taboão da Serra (SP), onde são produzidos principalmente genéricos e hormônio de crescimento - a Amgen é a maior fornecedora ao mercado público nacional. Nos próximos anos, contou Loch, a farmacêutica pretende aplicar mais R$ 15 milhões na unidade fabril.

Atualmente, a Amgen tem negócios com genéricos apenas no Brasil e na Índia. No país, esses medicamentos são responsáveis por 65% do faturamento, que não é divulgado. A composição das receitas, porém, tende a mudar à medida que se confirmem os lançamentos previstos para os próximos 18 meses e as drogas biológicas devem ganhar participação maior nas receitas, hoje em 35%.

Além disso, em meados de dezembro, a Amgen recomprou da GlaxoSmithKline os direitos das drogras Prolia (denosumab, para tratamento da oesteoporose), Vectibix (panitumumab, para câncer do cólon) e Xgeva (denosumab, para câncer), em um acordo que envolve os principais mercados em expansão, incluindo o Brasil. Em 2014, a GSK gerou aproximadamente US$ 111 milhões em vendas combinadas a partir dessas licenças, que agora retornam ao portfólio da Amgen.

Dois desses medicamentos chegam ao mercado brasileiro já em 2016. "Vamos trazer ao país produtos biológicos para patologias que ainda não contam com o tratamento adequado no país", afirmou Loch. Em 2015, acrescentou, a operação brasileira registrou o melhor resultado desde a chegada da farmacêutica ao Brasil. Globalmente, em 2014, o laboratório teve receitas de US$ 201, bilhões.