28/09/15 14h22

Aramis negocia mais pontos em shopping e acelera expansão

Valor Econômico

A varejista de moda masculina Aramis adotou uma estratégia arriscada em um ano de retração econômica. A companhia abre neste ano dez lojas próprias e três unidades de franquia no país - mais do que as nove lojas abertas no ano passado (das quais cinco eram próprias). A estratégia é adotada no momento em que outras varejistas de moda reduziram seus planos de abertura de unidades, tendo em vista o cenário de deterioração dos indicadores de comércio, emprego e confiança do consumidor.

Richard Stad, presidente da Aramis, afirmou que espera aproveitar o momento de retração de outras varejistas de moda para obter contratos mais favoráveis de aluguel de lojas de shopping centers e melhorar a presença da marca no país.

"Há cinco anos atrás, muitas varejistas fizeram expansões agressivas no número de lojas e sofreram o impacto desse crescimento excessivo. A Aramis considerou que era importante primeiro melhorar a estrutura e a gestão da companhia para depois fazer uma expansão sustentável do negócio", afirmou.

Na avaliação do executivo, a varejista está pronta, neste momento, para por em prática seu plano de expansão. Stad disse ainda que não vê um grande risco de deterioração dos resultados com a crise econômica. "A crise é um problema que afeta todas as empresas, mas a Aramis trabalha há um ano e meio melhorando sua gestão para enfrentar esse momento", afirmou.

Fundada em 1995, em São Paulo, pelo empresário Henri Stad, a Aramis foi administrada exclusivamente pela família do fundador até 2013, quando 47,8% do capital da companhia foi vendido para a gestora de fundos de private equity 2bCapital, que pertence atualmente ao Bradesco. Henri Stad atua hoje com presidente do conselho de administração da companhia e seu filho, como presidente executivo da varejista de moda.

Richard Stad afirmou que não há interesse da família, nem da 2bCapital, em vender a Aramis. "É uma empresa com gestão profissional, mas muito familiar, e o plano é mantê-la assim", disse.

Quando vendeu a participação minoritária para a 2bCapital, a Aramis não possuía dívidas, e reforçou o caixa com um aporte de aproximadamente R$ 100 milhões, segundo fontes familiarizadas com a operação. A partir de 2014, a companhia deu início ao plano de expansão, com abertura no ano passado de cinco lojas próprias e quatro unidades de franquia. Neste ano, a empresa abre dez lojas próprias e três franquias, chegando a 60 unidades em 22 Estados, ante 38 no fim de 2013, antes do aporte. Desse total, 35 são unidades próprias e 25 são lojas de franquia. A marca também é distribuída para 600 lojas multimarcas no país - mesmo número de 2013.

Stad disse ver potencial para ampliar o total de lojas exclusivas para 80 a 100 nos próximos anos. A expansão, segundo ele, será feita com unidades próprias nas capitais brasileiras e com franquias em cidades de menor porte. Ele considera ainda que a rede de pontos de venda próprios não vai canibalizar as vendas em redes multimarcas.

Sem citar números, Stad disse que as vendas da companhia neste ano crescem um dígito em relação a 2014 e que no ano passado a receita também cresceu. Em 2013, a receita da companhia girava em torno de R$ 180 milhões.

As redes de moda masculina VR, que pertence à da holding Inbrands, Crawford, do grupo Valdac (dono também da Siberian) e Brooksfield são as principais concorrentes da Aramis. A VR, da Inbrands, encerrou o primeiro semestre do ano com uma receita de R$ 77,1 milhões, em alta de 9,5% ante os seis primeiros meses de 2014. O crescimento, segundo a Inbrands, foi sustentado pela abertura de quatro lojas neste ano, e também por um bom desempenho em lojas maduras da VR e da marca infantil VR Kids.

De acordo com o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) o varejo de moda masculina movimentou no ano passado 1,7 milhão de peças, queda de 0,8%. Em receita, houve incremento de 7,1%, para R$ 56,5 bilhões. Esse valor não inclui os segmentos praia e esporte. Marcelo Prado, diretor do Iemi, projeta para o segmento queda de 2,6% neste ano, em linha com a queda esperada para o varejo de moda como um todo. "O dólar alto vai proporcionar uma substituição de importados por produção nacional, principalmente em 2016. Neste ano, o mercado não vai entregar crescimento para ninguém", disse Prado.