15/10/15 14h28

Câmbio favorece exportações da Bosch

Valor Econômico

O grupo alemão Bosch, um dos líderes globais em fornecimento de tecnologia e serviços, conta com o câmbio no Brasil para elevar exportações e atenuar um pouco a queda da demanda no mercado brasileiro neste ano.

No rastro da desvalorização de 40% do real só em 2015, a Bosch está conseguindo exportar algumas autopeças do Brasil até para a China. As vendas para o mercado chinês ainda têm volume simbólico. Mas ilustram como o cambio atual melhorou a competitividade e impulsiona vendas externas mesmo para um cliente improvável e famoso pela própria produção barata.

Entre janeiro e agosto, as exportações da Bosch do Brasil - cuja principal fábrica está localizada em Campinas (SP) - aumentaram 20%. Grande parte das transações é intra-grupo, do Brasil para a Europa. Depois vem as vendas para os EUA, de produtos como bobina de ignição.

Tambem é do Brasil que o grupo abastece a América Latina com seus produtos comerciais. "Esse é o lado benéfico do câmbio, dando um pouco de fôlego para as empresas que estão preparadas para exportar", diz Carlos Eduardo Abdalla, diretor de comunicação corporativa da Bosch no Brasil.

A expectativa é de que as exportações representem 27% do faturamento da Bosch no Brasil em 2015, comparadas a 22% no ano passado. O índice ainda está bem distante dos quase 50% de antes da crise economica global iniciada em 2008.

Em 2014, a Bosch na América Latina faturou R$ 4,9 bilhões, dos quais R$ 4,2 bilhões no Brasil. Espera manter o mesmo valor no país, porque não será possível crescer em 2015. Além de autopeças, a Bosch fornece soluções para mobilidade, tecnologia industrial, bens de consumo, energia e tecnologias prediais.

O grupo alemão inaugurou ontem seu novo campus global de pesquisa em Renningen, perto de Stuttgart, onde reunirá 1.700 "mentes criativas" focadas em pesquisa aplicada, com interesse em rapidamente apresentar produtos inovadores ao mercado.

A companhia alemã investiu € 310 milhões no campus com 14 prédios, reunindo diferentes disciplinas da ciência e da tecnologia. No total, investe € 5 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento, representando cerca de 10% de suas vendas. O resultado é que registra 18 patentes por dia, em média.

Na inauguração, o principal executivo Volkmar Denner destacou uma série de projetos em desenvolvimento, como a possibilidade condução automática do carro nas estradas por volta de 2020.

A chanceler Angela Merkel, depois de inaugurar o campus, acompanhou uma demonstração do robô agrícola Bonirob. O aparelho foi desenvolvido por uma "start-up" da companhia, chamada Deepfield Robotics. Do tamanho de um carro compacto, o robô ajuda na plantação e melhoramento da colheita. Deve ser apresentado ao mercado em novembro na grande feira agrícola de Hannover. O preço será de € 250 mil a unidade.