09/08/22 15h24

Cana-de-açúcar domina área plantada na região de Rio Preto

Pesquisa da Acirp, com dados da Embrapa, avaliou os produtos agrícolas que mais se destacaram em uma década nos 29 municípios da região de Rio Preto; cana é o maior destaque no ano de 2020

Diário da Região

A cana-de-açúcar ganhou potência na região de Rio Preto, no ano de 2020, com quase 80% de área cultivada em 29 cidades avaliadas pelo Centro de Estudos Econômicos da Associação Comercial e Empresarial (Acirp) e movimentou R$ 2,5 bilhões. Para o estudo, os pesquisadores levantaram os dados de 20 culturas que se mantiveram em produção ininterrupta de 2010 a 2020. Além da cana-de-açúcar, se destacaram no ano de 2020, com as maiores movimentações financeiras, a laranja, a borracha natural, a soja e o milho.

A pesquisa da Acirp contou com os dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em uma década, para avaliar as culturas que tiveram forte influência na microrregião (29 municípios) de Rio Preto, e ainda, que não interromperam as produções neste período. Segundo o economista responsável pela pesquisa, Adnan Jebailey, a cana-de-açúcar teve área de 416.055 hectares cultivados em 2020, o que representou 79,98% de todas as demais culturas analisadas.

 

“Nos últimos dez anos, o cultivo de cana-de-açúcar cresceu 14%, entre outras culturas (abacate, abacaxi, amendoim, banana, borracha, café, cebola, coco-da-baía, feijão, goiaba, laranja, limão, melancia, milho, soja, sorgo, tangerina, tomate e uva), que também mantiveram colheita na região de Rio Preto. É importante ainda destacar que 20% das demais culturas avaliadas no estudo, como o amendoim e o tomate, são produtos que representam emprego e rentabilidade para o setor agrícola, geralmente provenientes da agricultura familiar”, afirma Adnan.

O economista ainda explica que a cana-de-açúcar, com a maior movimentação financeira em 2020, se concentra em um grande mercado, com muita exportação do produto e grandes usinas envolvidas no setor. “Agora, se analisamos os demais produtos, que mesmo com áreas de cultivo que foram diminuindo em uma década, são setores de uma boa diversificação de culturas e que empregam famílias, gerando renda para esses variados setores”.

 

Entre essa perspectiva da diversificação de cultura e da maior rentabilidade para os produtores, Adnan observa que o amendoim e o tomate tiveram maiores crescimento financeiro e de área nos últimos dez anos avaliados pela pesquisa. O amendoim teve área de produção e colheita que cresceu 385%, e o tomate, aumento de 138%. Ele analisa ainda, o aumento de rentabilidade do tomate, por exemplo, que vem se mantendo com preços altos dentro da cesta básica brasileira, o que valorizou o produto para o agricultor.

Valorização

Adnan afirma que os cinco setores que mais se destacaram, alguns tiveram até diminuição de área em uma década, como o milho, porém continuam a manter forte influência na região de Rio Preto, pela movimentação financeira (valor da produção). Além da cana, com R$ 2,5 bilhões de lucratividade em 2020, culturas como a laranja (R$ 449 milhões), a borracha (R$ 187 milhões), a soja (R$ 98 milhões) e o milho (R$ 78 milhões) são os produtos que mais somaram lucros aos produtores rurais.

 

Em área de cultivo no ano de 2020, a soja vem em segundo lugar na pesquisa (após a cana, com 79,98%) com 24.564 hectares (4,72%), seguida pela borracha com 23.996 hectares (4,61%), a laranja com 23.214 hectares (4,46%) e o milho com 14.643 hectares (2,81%).

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Culturas se adaptam à região

 

O produtor rural José Claudio Ruiz cultiva cana-de-açúcar, seringueira e laranja em municípios da região de Rio Preto, sendo a laranja a principal cultura cultivada pelo produtor. “São culturas que se adaptaram muito bem na nossa região, e muitos produtores, como é o caso da minha família, migraram do café para a laranja”, diz José Claudio.

Parte dessa mudança, segundo o produtor, se direciona também para a questão climática, influenciando na diminuição de áreas. A produção de laranja, conforme José Claudio, está muito impactada pelo clima quente da região Noroeste. Ele conta que fez muito investimento em irrigação nos pomares e que o grande desafio é manter a produtividade da laranja a cada safra, com o clima cada vez mais seco. “A lucratividade é boa, mas os custos de produção são altos e não vêm acompanhando os preços pagos pela caixa de laranja nos últimos dois anos”.

 

Na produção de borracha natural, o produtor Fábio Magrini avalia que o crescimento da cultura vem ocorrendo nos últimos dez anos, já que as plantas de seringueira demoram mais do que outras culturas para entrar em produção para escala comercial. Em 1963, a família de Fábio plantou as primeiras árvores na região de Rio Preto, e hoje ele mantém uma produção estimada em 30 mil árvores, considerando que o potencial de produção é excelente no Noroeste paulista.

“Se compararmos com a soja, que é a menina dos olhos da agricultura brasileira, a produção de borracha natural tem mercado promissor, principalmente em nossa região, onde se produz 65% de toda a produção brasileira de seringueiras, além das principais usinas de beneficiamento de borracha concentradas aqui”, afirma Fábio. (CC)

 

Cana tem destaque

 

O potencial de cana-de-açúcar é tendência na região de Rio Preto, com possibilidade de aumentar a área de cultivo nas próximas safras, na avaliação do produtor rural Alexandre Pinto César, que está na atividade canavieira há alguns anos. Ele avalia que os principais grupos empresariais brasileiros, da agroindústria, estão instalados na região Noroeste. E ainda, o segmento de energia e de etanol, tem a tendência de crescer dentro da produção canavieira.

“Em função do grande número de usinas de cana-de-açúcar que está instalado na nossa região, além de três grupos - Cofco, Tereos e BP Bunge - que estão entre os seis maiores do setor brasileiro, estão sediados em cidades do Noroeste Paulista”, afirma Alexandre, ao analisar o potencial de crescimento dos canaviais para o setor.

 

Em avaliação do engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, Andrey Vetorelli Borges, o setor da indústria canavieira tem crescido nos municípios da região de Rio Preto, muito favorecido pelo clima para a produção de cana. “Como temos um excesso de sol na nossa região, isso favorece muito a valorização da cana, com maior ATR (índice de açúcar na planta) para a comercialização do produto”.

Andrey pontua também o aumento de áreas de soja e de amendoim, muito favorecidas pela cultura da cana-de-açúcar, em um cenário onde os produtores e as usinas fazem a reforma do canavial. Com o cultivo de grãos (amendoim, soja e milho) em áreas de canaviais, o desenvolvimento da cana ganha mais produtividade, além de lucratividade com o cultivo dos grãos.

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/cana-de-acucar-domina-area-plantada-na-regi-o-de-rio-preto-1.993515