22/10/15 14h58

CCR herda projeto de aeroporto de acionista

Valor Econômico

A concessionária paulista de infraestrutura CCR informou ontem a incorporação do projeto do Novo Aeroporto de São Paulo (Nasp) ao seu portfólio. Sob alvo de polêmicas no setor, o estudo estava a cargo de duas das controladoras da concessionária - Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Com a transferência, a CCR passa a deter os direitos decorrentes do contrato de opção de compra do terreno para a construção do aeroporto, em Caieiras e Cajamar, na região metropolitana da capital.

Em junho, a empresa já havia informado o mercado sobre a criação de um comitê para discutir a proposta feita pelas empresas de transferência do projeto, que agora foi aceita. De acordo com o diretor de novos negócios da CCR, Leonardo Vianna, a empresa pretende exercer a opção de compra do terreno, que já foi autorizada pelo conselho. "A gente acredita que essa alternativa de ter um terceiro aeroporto em São Paulo é uma questão de tempo". O valor a ser pago pelo terreno é de R$ 323 milhões.

O executivo explicou ainda que o acerto da transferência se deu com as controladoras abrindo mão de algumas condições colocadas inicialmente, como participação no projeto quando ele fosse viabilizado e acordos para preferência na execução das obras. "Essa transação passa a ser feita sem as partes relacionadas". Andrade e Camargo dispensaram a CCR ainda de ressarcimento de valores que foram pagos ao proprietário do terreno e por estudos realizados referentes ao projeto.

Fica a critério da CCR, posteriormente, analisar interesse na obtenção dos estudos, tese e de projeto do aeroporto já realizados pelas controladoras.

A previsão para um investimento desse porte, informou a empresa, fica entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões, e o tempo de construção seria de seis a sete anos. O Nasp, porém, ainda depende de aprovação.

No ano passado, a liberação de aeroportos privados de voos comerciais foi tema polêmico durante discussão da Medida Provisória (MP) 656 e o texto terminou sancionado pela presidente Dilma Rousseff com veto da exploração comercial de aeroportos em regime de autorização. Embora não haja nenhum pedido oficial de autorização em tramitação, informou a CCR, já existem negociações em andamento.

Segundo Vianna, a transferência faz parte da estratégia definida pela CCR com os controladores em 2012, quando foi incluído no seu mandato o setor aeroportuário. O movimento teve início com a aquisição de três aeroportos e teve como último capítulo o anúncio da aquisição da empresa prestadora de serviços em sete aeroportos, TAS (Total Airport Service), nos Estados Unidos.