15/12/17 13h26

Cemec e Fipe lançam indicadores sobre financiamento

Valor Econômico

O Centro de Estudos de Mercados de Capitais (Cemec) juntou-se à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e lançará no primeiro trimestre de 2018 três indicadores sobre o financiamento da economia brasileira. "São índices que praticamente inexistem no mercado nacional", afirmou ao Valor Carlos Antonio Rocca, diretor do Cemec, instituição que se associou à Fipe após a extinção do Instituto Ibmec.

Sem revelar muitos detalhes, o economista diz que os índices acompanharão o custo de capital para as empresas, as fontes de financiamento e o desempenho das companhias em termos econômicos e financeiros. "Vamos gerar uma pequena família de indicadores com esse foco, o financiamento da economia, em especial o financiamento do investimento", afirmou Rocca. Para ele, esses instrumentos ganham importância na medida em que diminui o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no crédito e cresce a importância do mercado de capitais.

No Ibmec, o Cemec tinha apoio de três entidades: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Cetip e BNDES. Com o encerramento das atividades do instituto, essas contribuições deixaram de existir. Na Fipe, a entidade dirigida por Rocca buscará outro modelo de sustentação financeira.

"Vamos gerar produtos, índices, que possam ser colocados no mercado", diz. Além disso, haverá um aumento de equipe, com pesquisadores da Fipe. "O Cemec terá um reforço significativo, que nos permitirá ter avanços de natureza metodológica e tocar vários projetos dirigidos a essa questão do financiamento da economia e dos investimentos."

No momento em que os investimentos sinalizam uma retomada, um eventual adiamento da aprovação da reforma da Previdência para 2019, primeiro ano do próximo governo, terá impacto negativo sobre as decisões das empresas em investir, afirma Rocca.

Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) confirmou o que já tinha dito no dia anterior o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), de que a votação da reforma ficou para fevereiro. Parte dos analistas de mercado não acredita numa aprovação em ano eleitoral.

"Um adiamento criaria um ambiente mais negativo, maior grau de incerteza e de percepção de risco", afirma Rocca. Dependendo das circunstâncias do processo eleitoral, o adiamento da reforma pode elevar de forma significativa as taxas de juros de longo prazo, diz. "Vai aumentar muito a importância do que o mercado vai acreditar que será a política econômica do próximo governo".

Alguma reforma da Previdência, ainda que reduzida, antes do processo eleitoral seria um primeiro passo para diminuir as incertezas do período ao reduzir a tarefa que terá que ser feita na área fiscal pelo próximo presidente. Rocca não crê que a situação se encaminhe para uma ausência completa de ajuste. Apesar das dificuldades, uma parcela considerável do Congresso está convencida de que há um sério problema fiscal, afirma.