18/01/18 11h53

Crescimento deve ter superado 1% em 2017, aponta índice da FGV

Valor Econômico

Depois de dois anos seguidos de resultados negativos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechou o ano passado com crescimento de 1,1%. A estimativa é de Claudio Considera, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), ao divulgar ontem o resultado do Monitor do PIB, elaborado pela fundação.

De acordo com o Ibre-FGV, o Monitor do PIB apontou aumento de 0,3% na atividade econômica do país em novembro, na comparação com outubro, feito o ajuste sazonal. Foi o terceiro aumento consecutivo do indicador. Frente ao mesmo mês de 2016, a alta foi de 2,6%. Em 12 meses, o Monitor do PIB indica crescimento de 0,8% até novembro.

Com base em indicadores de atividade já disponíveis referentes a dezembro, Considera estima que o PIB tenha fechado o ano passado com alta de 1,1%, ligeiramente acima da média das previsões do boletim Focus, do Banco Central, que sinaliza um crescimento de 1,01% da economia no ano passado.

"Foi surpreendente a recuperação da economia no ano passado. Foi um resultado muito alto, não achava que cresceria tão rapidamente. Inicialmente, o mercado achava que o país cresceria menos, 0,2%. Depois, revisou-se para algo melhor, como 0,5% e, posteriormente, para 1%. E agora fica pouco acima disso", disse ele.

O desempenho do setor agropecuário foi fundamental para a recuperação da economia no ano passado, reflexo da supersafra de grãos de 240,6 milhões de toneladas. De janeiro a novembro, o setor apresentou crescimento de 12,1%, segundo o Monitor do PIB. Com dados disponíveis de dezembro, ele prevê que o setor fechou o ano com expansão de 12,5%.

Outra contribuição importante para o resultado do PIB, ainda pela ótica da oferta, veio da indústria. Segundo Considera, a liberação de recursos das contas inativas do FGTS puxou o desempenho da indústria de transformação, sobretudo de bens duráveis. De acordo com dados da Anfavea, a produção de veículos subiu 25,2% no ano passado, frente ao ano anterior.

"Os dados da Anfavea são importantes porque mostram que as montadoras continuaram bem em dezembro. É um setor que puxa todo mundo, desde aço a autopeças, assim como gasolina e uma série de outros produtos", disse o pesquisador do Ibre-FGV, que prevê crescimento de 0,3% da indústria em 2017.

Para o economista, uma recuperação mais robusta da indústria no PIB ainda depende do desempenho da construção. Para isso acontecer, é preciso de redução no estoque de imóveis disponíveis e maior fôlego de contratações de obras pelos governos municipais, estaduais e federal. Em 12 meses até novembro, a indústria de construção apresenta queda de 5,4%.

Outra boa notícia veio do setor de serviços, que passou a crescer pelo indicador acumulado em 12 meses em novembro, em 0,1%, após 31 meses de queda. Segundo Considera, o abrangente setor, principal componente do PIB pela ótica da oferta, deve encerrar este ano em crescimento, de 0,3%.

Pela ótica da demanda, a taxa acumulada em 12 meses até novembro do consumo das famílias foi positiva em 0,7%. A formação bruta de capital fixo, por sua vez, apresenta taxa negativa na mesma comparação, de 2,1%, a despeito do forte crescimento do componente de máquinas e equipamentos (6,6%) no período.