29/09/14 14h47

Embalagens inovam e conquistam nichos

Valor Econômico

Pequenos fabricantes de embalagens precisam de criatividade para competir com as grandes empresas do setor. As estratégias incluem a especialização em alguns modelos de pacotes e projetos customizados para pequenos lotes de mercadorias. Por conta do grande número de feriados no primeiro semestre e do cenário de incertezas com as eleições e a desaceleração da economia, companhias como a Tradbor Stand-up Pouches e a Waco apostam em um crescimento nos negócios acima de 10%, em 2014. No início do ano, a previsão era crescer 20%.

Em 2013, a indústria de embalagem deu um salto de 1,4% na produção, ante 2012. Segundo estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), os fabricantes registraram receitas líquidas de vendas de R$ 51,8 bilhões, um aumento de cerca de 10% em relação aos R$ 46,7 bilhões de 2012.

Para 2014, as perspectivas de produção apontam para R$ 56 bilhões, quase R$ 5 bilhões a mais do volume registrado em 2013. No primeiro semestre, a produção variou negativamente em 0,7%, em relação ao mesmo período do ano passado. A queda foi concentrada no segundo trimestre, quando a produção recuou em dois dos três meses do período.

Segundo Luciana Pellegrino, diretora executiva da Abre, a participação dos pequenos fabricantes no faturamento do setor ainda é reduzida, mas há nichos de mercado que podem ser explorados, além de clientes de menor porte que não conseguem trabalhar com grandes fornecedores. "Os segmentos de embalagens flexíveis e cartonadas são os mais atraentes para os empresários menores porque demandam investimentos mais modestos em tecnologia e infraestrutura fabril", diz.

Com fábrica em Iperó, a 120 quilômetros de São Paulo (SP), a brasileira Tradbor Stand-up Pouches investiu cerca de R$ 1,5 milhão, no último ano, em um novo maquinário, para aumentar a capacidade produtiva em cerca de 30%. A empresa é especializada em "stand-up pouches", embalagens flexíveis em forma de saquinhos que ficam em pé, usadas no segmento de molhos, de produtos de limpeza e cosméticos. "São os sachês que substituem as latas", explica o diretor executivo Alan Baumgarten. No ano passado, a empresa produziu 80 milhões de unidades e o volume esperado para este ano deve ultrapassar 100 milhões.

O negócio começou nos anos 1990, quando o pai de Baumgarten, Thomas, sócio em uma outra empresa de embalagens, percebeu a tendência dos "pouches" no mercado mundial. Em 1994, decidiu investir em equipamentos de produção e instalou uma operação de embalagens nos fundos da empresa de representação comercial da família. Hoje, a fábrica de 40 funcionários ocupa uma área de seis mil metros quadrados e tem sete linhas de produção. Nos anos 2000, Alan e o irmão, Ronie Baumgarten, assumiram a companhia, ao lado dos pais

Há cinco anos, para diversificar negócios, a família iniciou uma divisão de venda de equipamentos de enchimento de embalagens. "O objetivo era aumentar a procura pelas unidades flexíveis", lembra Alan. "As máquinas para esse modelo de pacote não existiam no Brasil e, por conta disso, nosso crescimento era limitado às empresas que preenchiam as embalagens manualmente." Com os novos maquinários no mercado, a demanda pelos sachês cresceu e a Tradbor mais do que dobrou de tamanho, nos últimos cinco anos.

Sem revelar faturamento, Alan diz que a empresa registrou um crescimento de 40% em vendas em 2013, ante o ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) superou os 30%. "A média no setor de embalagens flexíveis é de 10% a 15%", compara. No início de 2014, o diretor projetou um aumento de 20% nos negócios, no ano, mas já revisou a meta para baixo. "Houve muitos feriados no primeiro semestre, há incertezas devido às eleições e à desaceleração da economia. Mesmo assim, devemos ter um crescimento acima de 10%."

Além de grandes contratos, a Tradbor tem uma base de pequenos clientes com mais de 600 cadastros ativos, que compram unidades padronizadas, em quantidades reduzidas, a partir de 500 itens. Recentemente, foi chamada pela Nazca Cosméticos para desenvolver uma solução com tampa, em apenas três meses. "O prazo foi cumprido", diz.

Na Waco, em Itaquaquecetuba (SP), o carro-chefe são as embalagens plásticas produzidas pelo processo de termoformagem. Os cerca de 600 modelos desenvolvidos acondicionam desde alimentos processados a peças eletroeletrônicas. "Criamos uma planta fabril para atender pequenas e médias quantidades, em aplicações especificas", explica o diretor Amilcar Luchesi, com contratos nos polos de tecnologia de Campinas e São José dos Campos (SP).

A estratégia da companhia, que vende cerca de 800 toneladas de embalagens ao ano, é criar soluções customizadas. O valor de venda é estipulado de acordo com as demandas do projeto, como o tipo de mercadoria embalada e o volume contratado. "Há unidades de R$ 0,05 a R$ 120."

Com 60 colaboradores, a Waco faturou R$ 13,8 milhões em 2013 e a expectativa para 2014 é alcançar R$ 21,5 milhões. "Há uma carência de atendimento especializado no mercado", justifica. O plano de investimentos, até 2017, inclui a verticalização do processo produtivo, para diminuir a dependência do fornecimento de itens semi-acabados. "Compramos máquinas para fabricar as nossas próprias bobinas, o que aumentou a capacidade de entrega." Em 2015, a previsão é aplicar cerca de 10% do faturamento no parque fabril e em certificações na área de alimentos.