10/02/17 14h37

Empresa brasileira utiliza processo a frio para extrair pasta celulósica da palha da cana

Agência CT&I

Seis anos de pesquisa levou a empresa brasileira Grupo Cem - holding do interior paulista - a desenvolver a inovação que transforma a palha da cana-de-açúcar em pasta celulósica, matéria-prima 100% sustentável. Para isso, a companhia investiu no desenvolvimento de um biodispersante biodegradável que separa a lignina (molécula que dá rigidez às células das plantas) das fibras existentes na palha. A pasta foi avaliada e classificada pela Universidade Federal de Viçosa (MG).

O processo produtivo utiliza um sistema a frio que elimina a necessidade de calor, porque envolve um circuito fechado que evita perdas e desperdício de água. O pouco resíduo gerado na produção pode ser reutilizado como adubo no campo, entre outras finalidades. De acordo com o Grupo Cem, a empresa é a primeira do mundo a extrair pasta celulósica a partir da palha da cana em um processo a frio.

Uma das vantagens para o produtor é se livrar do acúmulo de palha no solo. Como se trata de um material de fácil combustão, o excesso aumenta o risco de incêndio e ainda contribui com a proliferação de pragas, ervas daninhas e pode trazer riscos até mesmo à saúde humana. Além disso, a partir de 2018, passa a ser proibida a queimada da palha da cana em todo o estado de São Paulo, o que pode aumentar o acúmulo do subproduto no solo.

O Grupo Cem realizou investimento parcial de R$ 25 milhões no novo projeto, que inclui a recente inauguração, em Lençóis Paulista (SP), da FibraResist, fábrica que tem produzido a pasta celulósica. Com uma área de 60 mil m², ela tem capacidade para produzir até 72 mil toneladas da pasta por ano. A previsão é atingir esse volume de produção a médio prazo. A produção inicial, que será de 25% do total da capacidade produtiva, já está sendo negociada com empresas que produzem diversos tipos de embalagens e papel.

A indústria conta ainda com um departamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D), responsável pela evolução constante do processo produtivo e pelo estudo da utilização do produto em outros segmentos.