07/03/16 14h29

Energias renováveis demandam baterias

Estado de S. Paulo

Os fortes investimentos em energia renovável, em especial na eólica e solar, têm demandado o desenvolvimento de tecnologias que consigam baratear alternativas de armazenamento da energia produzida. Como dependem da intensidade do vento e do sol, essas centrais elétricas não podem produzir energia 100% do tempo e são inseridas no sistema brasileiro como fontes complementares às hidrelétricas.

Mas, para resolver esse problema e aproveitar todo o potencial da natureza, há um batalhão de especialistas debruçados sobre estudos para tornar economicamente viável a produção de baterias que consigam armazenar a energia produzida por eólicas e solares. “Algumas empresas têm estudos aprofundados. Mas, por enquanto, essas baterias são muito caras”, destaca o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo (Fapesp), José Goldemberg, um dos principais cientistas brasileiros especializados em energia.

Ele explica que as baterias são as mesmas usadas para os carros elétricos, mas com mais capacidade. “Para se ter uma ideia do custo, as baterias usadas nesses carros custam mais de US$ 20mil, quase metade do valor do carro.”

O diretor superintendente da recém-criada Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque), Carlos Augusto Leite Brandão, conta que a questão do armazenamento vem sendo discutida no mundo há cerca de dez anos. No Brasil, além da discussão em torno das baterias para armazenar energia eólica, algumas iniciativas de menor porte começam a surgir. Ele conta que um condomínio de24 casas de alto luxo em Fortaleza vai usar bateria para garantir energia caso haja algum blecaute. “É do tamanho de um contêiner. Se acabar a energia, ela nem sentirá.”

Segundo ele, há outros projetos da mesma natureza no Rio e em Santa Catarina, sejam residenciais ou em estabelecimentos comerciais. “Pelo custo da energia no Brasil, esses investimentos já são alternativa viável para os consumidores.”

Outro tipo de armazenamento que Brandão quer introduzir no País é o conceito de usinas hidrelétricas reversíveis. A água que passa pela turbina à noite, quando a demanda é fraca, é bombeada para o reservatório, que usará a mesma água durante o dia. “Fomos um dos primeiros a fazer isso no mundo e abandonamos. Hoje o resto do mundo faz e nós não.”