14/02/17 13h50

Estudantes criam concreto de baixo impacto ambiental

Desenvolvido a partir da substituição de parte do cimento pela cinza do bagaço da cana-de-açúcar

Jornal O Eco

Sustentabilidade e inovação têm sido palavras bastante usadas no dia-a-dia do setor da construção civil. Com foco na redução dos impactos ambientais, projetos desenvolvidos na área têm trazido resultados muito positivos. Experimentos feitos com as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar, a casca de arroz e os resíduos da indústria cerâmica têm apresentado bons resultados e possibilitado a diminuição do uso do cimento - responsável por quase 7% da emissão de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera, pelas indústrias cimenteiras - na preparação do concreto.

Amparados por esses estudos, alunos do curso de Engenharia Civil da Universidade Paulista (Unip), de Bauru, resolveram desenvolver, como trabalho de conclusão de curso, um projeto baseado em dois grandes pilares economia brasileira: os setores da construção civil e sucroenergético. O projeto inicial tinha como objetivo avaliar, a partir de um processo de filtragem, o potencial do uso do resíduo (cinzas do bagaço) gerado pelas usinas de açúcar e álcool na produção de concreto.

“A ideia era agregar à construção civil um produto indispensável e que causasse menor impacto ambiental, utilizando menos recursos naturais e dando uma finalidade sustentável ao alto volume de resíduo por tonelada de cana-de-açúcar processada, já que estamos em meio a um grande polo dessas usinas”, explica Daiane Ramos, uma das autoras do trabalho e moradora de Lençóis Paulista.

O experimento apresentou resultados tão positivos que surpreendeu até os envolvidos. “Além de atingir o objetivo inicial de comprovar a viabilidade do resíduo de cana-de-açúcar como material em substituição ao cimento, os benefícios também foram observados nos custos de produção", relata Daiane, ao explicar que, considerando que o custo de produção do cimento gira em torno de R$ 270 por tonelada e que a coleta e trato do resíduo gera um custo médio de R$ 150 por tonelada, a economia média é de 44,5%.

Para a estudante, o resultado do projeto é animador, pois surge como uma alternativa para que, mesmo com o concreto sendo o material de construção mais utilizado do mundo, os níveis de emissão de CO² possam ser reduzidos em função da diminuição do uso do cimento.

Para ela, porém, o maior desafio agora é disseminar a cultura dos produtos de baixo impacto ambiental no setor da construção civil no interior do estado. “Temos muita tecnologia e facilidade no acesso de informações, o que precisamos é que as indústrias invistam nessa ideia”, finaliza.