16/10/15 14h45

Expansão em tempos difíceis

Retração da economia não assusta marca de bolsas e acessórios que espera abrir 50 lojas nos próximos cinco anos

Estado de S. Paulo

Economia retraída não quer dizer estagnação nos negócios. Pelo contrário: o arrefecimento econômico é visto por muitos empresários como um momento de reinvenção e, até mesmo, de expansão. Este é o caso, por exemplo, da marca Fellipe Krein, especializada em bolsas e acessórios.

Criada há oito anos pela empresária Ineide Krein, a marca, que tem loja própria localizada em São Paulo e distribui seus produtos em mais de 3,5 mil pontos de vendas espalhados pelo País, vai inaugurar a primeira franquia em novembro na capital paulista. “Para quem está se organizando há algum tempo, como é o nosso caso, a crise não afeta em nada. Encontramos mais oportunidades ainda no mercado. A fragilidade de alguns setores nos favorece. Os alugueis estão mais baixos e a escolha de um ponto fica mais fácil”, explica a empresária.

O investimento na loja piloto e também na estruturação do projeto de franquias girou em torno de R$ 1,2 milhão. Para o franqueado, o custo é de R$ 400 mil. Embora o prazo de retorno seja estimado em até 30 meses, existe a expectativa de que a inauguração da primeira unidade franqueada encurte esse tempo. “A localização conta muito. Esta unidade vai ser no shopping Center Norte, o suprassumo do consumo natalino”, diz Ineide, otimista com o fluxo de pessoas no local escolhido.

O faturamento anual da Felllipe Krein (R$ 40 milhões) reforça a segurança da empresária. Mesmo em uma fase de desaceleração, ela aposta no atributo da “compra consciente”, principalmente, a feita pelo público feminino de maneira geral.

“Mulheres adoram bolsas. A crise não vai fazer com que ela pare de comprar. Nosso desafio é oferecer um produto de qualidade, bonito e com preço acessível porque hoje ela pesquisa mais não só o preço, mas o material que é feito o produto, se ele agride o meio ambiente, se é duradouro, se a propaganda faz jus ao que ela está disposta a comprar e se o preço está dentro do orçamento”, pondera a empresária, que antes de abrir seu próprio negócio atuou em grandes magazines, como as redes C&A e Renner.

Negócio. Realizar publicidade com artistas de visibilidade nacional é apenas uma das estratégias da empresa. O velho e bom atendimento continua sendo um dos principais pontos de atenção do negócio.

“Não podemos nos dar ao luxo de perder venda”, diz a empresária. Os franqueados, inclusive, deverão ter alguma experiência no ramo para serem aceitos. “Nosso primeiro parceiro têm mais de 20 anos no varejo e, principalmente, conhece muito bem o shopping em que ele escolheu para abrir a loja. Faz muita diferença ter domínio do ambiente e do entorno”, afirmou a empresária.

Atentos às necessidades contemporâneas, a Fellipe Krein também adota outros canais para vender seus produtos. Atualmente, a comercialização via WhatsApp já representa 20% das encomendas da marca. “Você pode fazer muita coisa em um negócio gastando pouco. Mas precisa estar atento as ferramentas, à tecnologia, na forma como as pessoas vivem a experiência de compra”, reflete. A empresária ainda cita que as redes sociais são meios do empreendedor fortalecer sua marca e se aproximar dos clientes.

Austeridade e criatividade também são duas características muito importantes para o empresário que pretende enfrentar de maneira eficiente o momento atual.

“Austeridade é a preocupação com os custos”, explica Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP. Mas cuidado, principalmente em épocas como o Natal. É preciso muita análise pois cortar errado pode significar, muitas vezes, abrir mão, justamente, do que diferencia a sua empresa em relação aos concorrentes. “O que salta aos olhos é o item de maior valor, mas o (custo) que tem maior peso pode ser a sua diferença da concorrência”, conclui.

Futuro. E se houver espaço para crescer, melhor. A expectativa da marca Fellipe Krein é alcançar 50 unidades franqueadas em cinco anos. “Um dos motivos para eu estar segura nesta fase que todo mundo teme a economia tem a ver com a nossa forma de trabalhar”, explica. “Quando se fala em crise, as pessoas se assustam. Este é o momento de olhar para a empresa. É um exercício muito bom. Se você tem controle da gestão, está empenhado em entender e atender seus clientes, precisa tomar decisões. Algumas delas destoam do mercado. Mas isso não quer dizer que você está errado ou que vá dar errado”, afirma a empreendedora.

As convicções de Ineide são tão fortes que, depois de alcançar a meta estabelecida para a abertura das franquias, os planos são ainda mais ambiciosos. A internacionalização da marca está prevista para os próximos anos, mas os mercados em potencial já estão sendo prospectados atualmente – planejamento, aliás, é a dica de outros grandes empreendedores que pensam em não apenas sobreviver, mas expandir.

“As coisas mudam e a gente precisa acompanhar. Bolsa não é só coisa de mulher. Quem compra um dos nossos produtos, independentemente do gênero, leva isso para a vida. Pode ser um presente, uma ocasião especial ou até mesmo para o dia a dia. Mulheres gostam de estar bonitas e bem vestidas.”