16/10/15 14h42

Fabricantes de materiais miram exportação

Valor Econômico

A desvalorização do real tem possibilitado que parte dos fabricantes de materiais de construção compense, por meio das exportações, a queda da demanda doméstica, ainda que não na totalidade. Uma das estratégias para aumentar a fatia das vendas externas no faturamento é a concessão de descontos no preço, em dólar, dos produtos.

A fabricante de cadeados e fechaduras residenciais e para móveis Papaiz, por exemplo, reduziu em 7% os preços em dólar de seus produtos exportados. A combinação do câmbio atual com o mercado interno "mais difícil" leva a empresa a reforçar suas exportações, de acordo com a presidente e porta-voz do grupo, Sandra Papaiz. A fatia exportada passou dos 15% do ano passado para 20% do total.

Os embarques ao exterior da Udinese, negócio do Grupo Papaiz que faz peças de esquadrias para portas e janelas, cresceram de 8% para quase 15%. "As empresas brasileiras têm de encontrar novos caminhos. Quando algumas portas se fecham, outras vão se abrindo. Não podemos ficar parados", afirma a executiva.

Até setembro, o Grupo Papaiz cresceu 3% no combinado dos três negócios - Papaiz, Udinese e Cicap (empresa de locação de galpões). A projeção para o ano era de alta de 5%. "Estou confiante que, se não atingirmos os 5%, vamos ter expansão de pelo menos 3%", diz a presidente do grupo. Na avaliação da executiva, a indústria brasileira "vai ganhar força e recuperar espaço" em 2016, com a queda das importações resultante da alta do dólar.

Com a desvalorização do real, as exportações da fabricante de revestimentos cerâmicos Cecrisa têm respondido por 20% do resultado da empresa, ante 10% no ano passado. A Cecrisa exporta para 50 mercados, com destaque para a América Latina e os Estados Unidos. "Continuamos a buscar crescimento nas exportações", conta o presidente da Cecrisa, José Luis Pano. O foco da empresa são revestimentos de alto padrão com a marca Portinari.

Neste ano, o faturamento combinado de vendas internas e exportações da Cecrisa ficará estável em relação ao de 2014, ante a projeção inicial de alta de 10%. Não será possível crescer, de acordo com Pano, devido à queda da comercialização de revestimentos cerâmicos para as construtoras. "As vendas para o varejo de padrão mais elevado estão indo bem", diz o executivo. Pano afirma esperar aumento do faturamento no próximo ano, em função das exportações e da demanda do varejo especializado.

A Eliane Revestimentos Cerâmicos projeta faturamento bruto de R$ 920 milhões neste ano, 6% acima dos R$ 870 milhões de 2014. Esse é o patamar de expansão registrado até o acumulado de setembro e fica abaixo dos 10% estimados anteriormente. "Estamos cautelosos em relação ao mercado interno, então tentamos compensar as vendas no externo", diz o presidente da Eliane, Edson Gaidzinski Jr.

As exportações cresceram 23% de janeiro a setembro. No mercado internacional, a Eliane vende produtos principalmente na América do Norte. Além das exportações de revestimentos produzidos no Brasil, a empresa compra materiais, por exemplo, da Turquia, para revenda com sua marca em mercados como o Canadá, segundo Gaidzinski.

O executivo reiterou que o foco das atenções da Eliane está "90% na empresa e 10% na macroeconomia". "Temos de buscar modelos diferentes. Não posso ficar reclamando da crise", diz o presidente. Em 2015, a Eliane passou a adotar orçamentos trimestrais, em decorrência da variação do câmbio e da taxa básica de juros Selic. O planejamento trimestral será utilizado também no próximo ano.