11/12/15 14h27

Frango é destaque nas exportações

Valor Econômico

O Brasil deve exportar 4,2 milhões de toneladas de carne de frango para o mundo neste ano. Deste total, 10% (400 mil toneladas) irão para o Japão, o que manterá o país em segundo lugar na lista dos maiores compradores do produto brasileiro, perdendo apenas para a Arábia Saudita. "A importância do mercado de carne de frango no Japão acontece pelo volume, pelo valor exportado e pela consistência da relação entre os dois países há mais de 30 anos", afirma Ricardo João Santin, vice-presidente da divisão de Aves da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Segundo Santin, a previsão de volume exportado para 2015 se aproxima do total registrado em 2014 (414 mil toneladas), mas o valor será inferior ao do ano passado (US$ 1,083 milhão). "A receita em dólar deve cair 10%, em função da variação cambial", diz. O total exportado sob o selo Brazilian Chicken tem se mantido em torno de 400 mil toneladas anuais, o que, na opinião de Santin, indica a existência de uma parceria consolidada entre os dois países.

Embora tenha uma boa indústria avícola, o Japão precisa de complementação e o Brasil contribui com 70% das importações do produto do país. Para se tornarem fornecedores do país, porém, os frigoríficos brasileiros precisam seguir normas específicas. Os cortes são diferenciados. A coxa e sobrecoxa, por exemplo, precisam ter altura, tamanho e peso determinados, assim como a cartilagem do peito, que é vendida no formato necessário para a montagem de espetinhos. "A indústria japonesa nos ajuda a desenvolver a produção para eles, com treinamentos", explica o vice-presidente da ABPA.

O Brasil também já exporta o ovo processado (em pó ou líquido) para o Japão. A exportação de ovo em casca foi aberta esse ano. "Esse produto tem grande potencial", diz Santim. O mercado de carne suína, aberto há dois anos, é outro segmento visto com grandes chances de crescimento no mercado japonês.

O grupo GTFoods está entre os dez maiores exportadores de carne de frango no Brasil. Pelo menos 30% da sua produção é exportada para cerca de 70 países. Japão, Hong Kong, Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Venezuela estão entre os principais. "Trabalhamos com linhas de produção dedicadas ao atendimento do mercado japonês, nas quais há um grande número de profissionais com atuação exclusiva. E recebemos constantemente visitas técnicas dos japoneses, que têm o objetivo de verificar se as condições de produção estão dentro do padrão de qualidade exigido", afirma o gerente de Exportação do grupo, Edemir Trevizoli Junior.

Segundo ele, a GT Foods tem negócios constantes com parceiros de longa data no mercado japonês. "A cada ano, aumentamos a participação e batemos recorde de volume enviado para o Japão. A previsão para 2016 é aumentar 70% o volume destinado ao mercado japonês, tornando o grupo um dos principais fornecedores de frango para o país. No momento, estamos investindo em equipamentos para automatizar parte da produção voltada a esse mercado", diz Trevizoli Junior.

Neste ano, a Coopavel completa 20 anos de parceria com o Japão, para onde exporta desde 1995. A empresa atende mais de 20 países. "Para o mercado japonês, a Coopavel deve exportar 10 mil toneladas em 2015. Isso representa 20% a mais do que exportamos no ano passado", afirma o diretor presidente da empresa, Dilvo Grolli.

Na Coopavel, a maior parte das carnes exportadas para o Japão é de coxa e de sobrecoxa desossada, in natura, com peso padrão. Essa é uma particularidade importante. Os japoneses exigem o cumprimento rigoroso do peso especificado no pedido. Há, por exemplo alguns pedaços que precisam pesar exatos 25 gramas cada um.

O diretor presidente da Coopavel explica que o mercado japonês também é exigente no rastreamento da produção, do modo de criação dos frangos ao local de abate, entre outros itens. "Essas exigências do mercado japonês são conhecidas mundialmente. Por isso, uma empresa que tem habilitação para o mercado japonês, vira referência para outros mercados", explica Grolli.