25/09/15 14h37

Governo investirá R$ 1,5 bi em novo acelerador de partículas

O edifício que receberá o acelerador Sirius está sendo construído em uma área de 150 mil metros quadrados no polo Ciatec 2

Correio Popular

Incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o novo acelerador de partículas Sirius que está sendo construído em Campinas vai receber R$ 1,5 bilhão de investimentos federais até 2019, dos quais R$ 275,5 milhões serão aportados no próximo ano, informou o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo. “A inclusão no PAC mostra que esse projeto é prioritário para o País, porque será uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo e abre oportunidade para empresas brasileiras atuarem como parceiros em diversas áreas de engenharia”, disse o ministro durante visita ao diretor-presidente do Grupo RAC, Sylvino de Godoy Neto.

Além do Sirius, outros dois projetos estratégicos para o País em ciência, tecnologia e inovação foram incluídos no PAC – o Reator Multipropósito Brasileiro, que está sendo implantado no complexo tecnológico Aramar, da Marinha do Brasil, em Iperó e a ampliação da unidade de concentração de urânio em Caitité, na Bahia. O reator abrange um complexo de pesquisa nuclear para a produção de radioisótopos, que são a base para os radiofármacos. Hoje, o Brasil importa os radiofármacos e com o reator, disse Rebelo, o País será autossuficiente na produção. O projeto receberá R$ 1,5 bilhão até 2019. Já a unidade de concentração da urânio vai permitir que a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) retome a produção de urânio da mina de Caetité, em condições de atender, em 2017, a demanda atual de Angra 1 e 2, avaliada em 400 toneladas de urânio por ano e de Angra 3, que deve entrar em operação comercial em 2018.

O edifício que receberá o Sirius está sendo construído em uma área de 150 mil metros quadrados, junto ao complexo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), no polo Ciatec 2. O terreno foi desapropriado e cedido pelo governo do Estado.

Segundo o CNPEM, a fonte de luz do Sirius foi projetada para ter o maior brilho dentre todos os equipamentos na sua classe de energia, o que deverá levar o Brasil à liderança mundial de geração de luz síncrotron.

O prédio está entre as obras civis mais sofisticadas já construídas no país, com exigências de estabilidade mecânica e térmica sem precedentes, que desafiam a engenharia brasileira. Sua infraestrutura será aberta e poderá ser usada por pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento, permitindo o avanço de áreas estratégicas para o País, como agricultura, saúde e energia.

Rebelo afirmou que é a primeira vez, desde que foi criado, que a área de ciência, tecnologia e inovação é incluída no PAC. Além da garantia de recursos – apesar do contingenciamento de verbas pelo governo federal, os projetos do ministério foram preservados - a inclusão na lista do PAC, permite que os contratos firmados poderão ser executados por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC). O RDC acelera e simplifica procedimentos das licitações porque, entre outros mecanismos, permite a contratação por inteiro de uma obra, sem necessidade de contratar em separado o projeto básico, o projeto executivo e a execução.

Retranca

Os investimentos no Sirius permitirão ao Brasil manter a sua competitividade nas próximas décadas em áreas estratégicas como nanociência, biologia molecular estrutural – base para o desenvolvimento de fármacos – materiais avançados e energias alternativas, dentre várias outras.
A nova fonte de luz será composta por um conjunto de aceleradores de elétrons de última geração, por estações experimentais e por um edifício de 68 mil metros quadrados, que abrigará todo este complexo, que abrange uma infraestrutura de geração de luz chamada de luz síncrotron, que é uma radiação eletromagnética de amplo espectro, abrangendo diferentes tipos de energia, desde o infravermelho até os raios X. Ela é captada e direcionada para as chamadas "linhas de luz", onde os cientistas podem utilizá-la para uma série de aplicações - principalmente, para investigar as propriedades atômicas de materiais, tanto orgânicos (como uma célula, ou uma proteína) quanto inorgânicos (como uma liga de metal ou algum tipo de cerâmica industrial)