05/11/21 14h17

Indicador avaliou desempenho dos estados no uso de evidências científicas para enfrentamento da Covid-19

Estudo estabeleceu classificação a partir de critérios como participação de especialistas e interdisciplinaridade em arranjos institucionais

IPEA

Em um contexto de descentralização e fragmentação das políticas de enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil, os governos dos estados e do Distrito Federal criaram 69 comitês científicos, grupos de especialistas, comitês de crise, ou espaços equivalentes para combater a pandemia localmente. Em estudo preliminar, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta sexta-feira (5/11), comparou-se como os governos estaduais filtraram evidências científicas e as incorporaram em políticas de enfrentamento à Covid-19.

Para realizar a comparação, foi criado um indicador que mede o quanto os estados brasileiros adotaram arranjos que favoreceram a incorporação de evidências científicas em políticas contra a pandemia. O indicador mediu a tempestividade de cada estado ao criar ou mobilizar um arranjo de enfrentamento à pandemia, a precisão e abrangência de suas funções, a participação de especialistas, a interdisciplinaridade, a transparência, e a influência sobre a tomada de decisões. Além dessas seis variáveis, o indicador teve outras três, avaliando se os estados recomendaram ou adotaram alguma política sem base em evidências científicas.

Em uma escala de -6 a 10, a média dos estados foi de 6,6. E os resultados mostram que a maioria dos estados criou bons mecanismos de enfrentamento à pandemia. Os estados com os valores mais altos foram Paraíba (10), Rio Grande do Sul (10), Santa Catarina (10), São Paulo (10), Espírito Santo (9,2) e Rio Grande do Norte (9,2). Outros estados, contudo, careceram de mecanismos adequados. Os dados do Rio de Janeiro (4,8) mostraram instabilidade, havendo inicialmente um arranjo adequado, mas o qual foi substituído posteriormente por outro com capacidades limitadas.

Os arranjos institucionais foram mais eficientes em alguns pontos do que em outros. Em todos os estados, a criação desses arranjos aconteceu de forma tempestiva. E, na maior parte dos estados, eles contaram com a participação de especialistas e foram influentes na tomada de decisões. Contudo, os pontos mais deficientes foram a baixa interdisciplinaridade, a falta de um escopo abrangente, atribuições pouco precisas, e pouca transparência.

Além disso, em 15 estados se observaram políticas que não foram baseadas em evidências científicas, em especial recomendações voltadas ao chamado “tratamento precoce”.

Acesse a íntegra do estudo.