02/09/19 13h52

“Já conseguimos emprestar até R$ 1 milhão para as PMES pela web”, diz presidente da desenvolve SP

Nelson Antônio de Souza, presidente da DesenvolveSP, quer se tornar referência para os empreendedores quando o assunto for crédito

Pequenas Empresas e Grandes Negócios

A Desenvolve SP, agência de fomento do Governo do Estado, quer se posicionar como uma fonte de crédito menos burocrática para os empreendedores paulistas. “Nosso objetivo é que as micro e pequenas empresas paulistas gerem emprego e renda. Para isso, o crédito é fundamental e precisa ser liberado com mais facilidade”, diz Nelson Antônio de Souza, presidente da entidade.

Souza tem uma longa trajetória no setor bancário. Teve duas passagens pela Caixa Econômica Federal. Na primeira, que durou 31 anos, galgou diversos cargos na organização até virar diretor de gestão de pessoas. Em 2014, virou presidente do Banco do Nordeste. Ficou no cargo até 2015, quando voltou para a Caixa, onde chegou à presidência no ano passado.

Desde o começo deste ano, está à frente da Desenvolve SP. Seu objetivo? Ser top of mind dos paulistas quando o assunto for dinheiro para pessoas jurídicas. “Trabalhamos para que a Desenvolve SP seja a primeira entidade a ser lembrada pelos empreendedores quando o assunto for crédito para criar ou expandir uma empresa”, diz.

Em entrevista exclusiva a PEGN, Souza falou sobre o atual momento da Desenvolve SP, as linhas de crédito disponíveis e também outras facilidades oferecidas pela entidade:

Qual a importância do empreendedorismo para o atual governo de SP?

Muito grande. Dentro da agenda do governador João Doria, há dois assuntos considerados de primeira importância: empreendedorismo e segurança pública.

Não desmereço as outras áreas, claro, mas incentivar a criação e a expansão dos negócios é uma prioridade. E nós entendemos que a oferta de crédito a taxas competitivas é essencial para que o empreendedorismo cresça em São Paulo.

Além do dinheiro, o empreendedor paulista precisa de capacitação, seja para fazer a administração da empresa, atrair novos clientes ou aumentar as vendas, entre outras coisas. Também consideramos que a desburocratização é muito importante e a tecnologia é nossa aliada: queremos que seja possível abrir e fechar empresas rapidamente pela internet e abolir o papel. Nossa meta é ajudar o empreendedor a focar no negócio e não perder tempo com a burocracia.

Qual é a sua principal meta como presidente da entidade?

Queremos que a Desenvolve SP seja do tamanho do estado. Que a agência beneficie a vida de quem faz São Paulo ser grande. Grandes bancos, como a Caixa e o BNDES, são muito relevantes para o governo federal. No estado de São Paulo, desde o fim do Banespa e da Nossa Caixa, não ocorre o mesmo. O objetivo é que a Desenvolve SP ocupe essa lacuna. Queremos transformar São Paulo por meio do empreendedorismo.

O que muda na entidade com a sua chegada?

Nossa principal novidade é a ampliação do Crédito Digital, uma linha que libera empréstimos em dois dias úteis. Tudo é feito pela internet. Agora, empresas que faturam a partir de R$ 81 mil têm acesso ao dinheiro.

[Nota da reportagem: microempreendedores individuais não têm acesso ao Crédito Digital, apesar de R$ 81 mil ser o limite de faturamento dessa pessoa jurídica. No entanto, microempresas, cujo faturamento anual ultrapassa o montante, podem conseguir o dinheiro.

Já o teto de faturamento anual da linha é de R$ 90 milhões. Antes, o Crédito Digital contemplava negócios que faturavam entre R$ 360 mil e R$ 16 milhões. O valor máximo do financiamento também subiu, de R$ 50 mil para R$ 1 milhão.

As mudanças no Crédito Digital são disruptivas. Esperamos trazer um bem-estar maior ao empreendedor. Apesar de ousado, o projeto é seguro. Toda a análise de crédito é feita com base nas orientações do doador e na capacidade de pagamento do cliente.

Vale dizer que nós não abrimos mão da cobrança. O sistema precisa se retroalimentar. Os empreendedores que conseguirem o crédito precisam devolvê-lo para que mais gente possa desfrutar dessa facilidade.

Muitas vezes os bancos pedem um bem do empreendedor como uma garantia para conceder o empréstimo. Vocês fazem a mesma coisa?

Não. Nós temos parcerias com fundos garantidores, que funcionam como “fiadores” dos empréstimos. Os clientes pagam um valor para essas entidades. Se os pagamentos não forem honrados, o fundo se encarrega por eles.

A Desenvolve SP trabalha com o Fundo de Aval (FDA), que conta com recursos estaduais; o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), do Sebrae; e o Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), do BNDES.

É claro que esses fundos não garantem o empréstimo. No entanto, eles fazem com que todas as pessoas que pleitearam o empréstimo passem, pelo menos, por uma análise de crédito.

Que outras linhas a Desenvolve SP tem para as empresas paulistas?

É importante relembrar a existência do Juro Zero Empreendedor, um programa do Sebrae-SP operacionalizado por nós. É uma linha sem juros e voltada aos microempreendedores individuais. Nós temos diversas outras linhas, para várias necessidades do empreendedor, mas nestes casos o crédito não é digital.

Quando você pensa na Desenvolve SP no fim de seu mandato, o que vem à cabeça?

O que nos move é fazer a Desenvolve SP ser a primeira alternativa a ser lembrada pelo empreendedor paulista e que, com o crédito que liberarmos, ajudemos na geração de emprego e renda. Até 2022, queremos chegar a R$ 1 bilhão em crédito concedido a pessoas jurídicas, impactando 1 milhão de empreendedores. Eu vim para São Paulo acreditando nesse projeto e vamos chegar lá.