11/04/22 13h30

Logística multimodal vai ser ampliada em Jundiaí

O ano começou com retração no setor, mas já há reação e o crescimento de 2021 deve continuar

Jornal de Jundiaí

Depois de um 2021 empolgante para o setor de logística, a expectativa para 2022, mesmo com um começo de ano ruim, é de crescimento em diversos modais, como rodoviário, ferroviário e aéreo.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Jundiaí teve saldo de 1.946 vagas no setor de transporte, armazenagem e entregas em 2021, ante 257 em 2020. Neste ano, o saldo de janeiro e fevereiro foi negativo, -363 vagas, mas em março houve reação, segundo atores do setor.

Diretor de logística e infraestrutura do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Jundiaí, Gilson Pichioli acredita que, independentemente dos valores de transportes, o consumo não para. "Na minha opinião, a logística tende a se manter estável e crescer no mínimo 10% em Jundiaí e Região até o fim do ano."

De acordo com Pichioli, modais ferroviário e aéreo também devem crescer. "Nos últimos anos a gente notou o crescimento do e-commerce e houve demanda de logística e de galpões de armazenamento. Jundiaí tem muitos galpões e tem espaço para a construção de novos, o que motiva a procura de empresas."

A Unidade de Gestão de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia informa que, entre 2020 e 2021, Jundiaí recebeu 394 novas empresas do setor logístico. Em 2022 já há empresas do ramo que desejam conhecer a cidade.

MOVIMENTO

Recursos humanos de uma empresa de logística, Michele Noronha acredita que, apesar da inflação, a logística rodoviária ainda tem muita demanda gerada pelo comércio digital. "O e-commerce aumentou e fez com que o transporte aumentasse. O último ano foi bom e, neste ano, a perspectiva de aumento começou em março. A expectativa é de crescer até o fim do ano. O armazenamento vem sendo bastante demandado, triplicou o faturamento e fez com que o capital rode, isso a partir do e-commerce", explica.

Como consequência, as contratações aumentam. "Se o e-commerce cresce, a mão de obra tem de acompanhar. Fiz contratação em fevereiro, em março e agora devo fazer em abril ou maio. Preciso aumentar a mão de obra para atender a demanda, mas falta mão de obra qualificada. A cada 20 currículos que recebo, consigo contratar uma pessoa. Preciso de gente que saiba o serviço ou consiga aprender, porque temos capacitação interna."

Nas rodovias que cortam Jundiaí, a movimentação de veículos pesados segue a tendência do ano passado. Nas rodovias Constâncio Cintra e João Cereser (SP-360), a média diária de tráfego de veículos pesados foi de 1.681 no primeiro trimestre de 2020, 1.899 no mesmo período de 2021 e 1.884 neste ano, segundo a concessionária Rota das Bandeiras.

Na rodovia Dom Gabriel Bueno Paulino Couto (SP-300), a concessionária AB Colinas informa que, no trecho de Jundiaí, o primeiro trimestre teve um volume diário médio de 9,4 mil caminhões. Nesse mesmo período em 2021, foram 9,2 mil caminhões. Em 2020 esse número foi de 8,5 mil.

A CCR Autoban, que administra as rodovias Anhanguera (SP-330) e Bandeirantes (SP-348), não pôde disponibilizar informações do tráfego por tipo de veículo, apenas por eixos equivalentes. Neste caso, em fevereiro de 2022, houve aumento de 3,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

MODAIS

Presidente de uma empresa que faz logística internacional, Ana Caroline Pereira da Silva observou o aumento vertiginoso da demanda logística em 2021. "Em 2021 tivemos um crescimento muito grande, principalmente da exportação, por causa do valor do dólar. Os modais mais utilizados foram o aéreo e o marítimo. O rodoviário já não está tão viável por conta do valor, da segurança e por só poder ser utilizado em curtas distâncias com cargas menores."

Além do preço do frete rodoviário subir, o custo das demais operações também disparou. "O frete marítimo aumentou muito por causa do espaço nos navios e dos equipamentos, que não conseguiam atender a demanda. Subiu 300%, se custava R$ 1 mil, chegou a custar R$ 10 mil. O frete aéreo acompanhou o aumento do marítimo. Mesmo assim, o exportador não se preocupou, porque ele embutiu esse aumento na mercadoria. Neste momento, ainda temos demanda reprimida."

Diretor comercial da Contrail Logística, que opera no Terminal Intermodal de Jundiaí (Tiju), Diego Bueno fala sobre a perspectiva de crescimento ferroviário na cidade. "O começo deste ano foi pior que o mesmo período de 2021, foi abaixo do previsto, mas março mostrou uma reação. A Contrail vem investindo bastante em aumento de produtividade e prevemos 20% de crescimento neste ano em relação a 2021, e mais 20% de crescimento em 2023 em relação a 2022."

Gerente de contas comerciais da MRS Logística, Rodrigo Carneiro fala que o atrativo do Tiju é permitir o transporte multimodal. "É um terminal rodoferroviário, então é atrativo. A Região de Jundiaí recebe muita mercadoria para consumo e é uma integração com o porto de Santos, que recebe produção de Manaus. Em Jundiaí acontece a distribuição dessa mercadoria."

A empresa cresceu 22,7% entre 2020 e 2021 e resultados do primeiro trimestre de 2022 apontam alta de 39% ante o primeiro trimestre do ano passado. "Para suportar o crescimento, vamos trabalhar em melhoria operacionais, mas há um estudo para aumentar a frequência de trens diários entre o porto de Santos e Jundiaí", explica Carneiro.

 fonte: https://www.jj.com.br/jundiai/2022/04/152925-logistica-multimodal-vai-ser-ampliada-em-jundiai.html