28/03/19 11h59

Município tem o melhor fevereiro em saldo de empregos desde 2000

Segundo especialistas, apesar do bom resultado, não há tendência de recuperação rápida e os números devem continuar oscilando em 2019

Jornal da Cidade

Depois de um janeiro ruim, Bauru voltou a criar vagas de emprego com carteira assinada. O resultado do mês passado, inclusive, foi o melhor desde 2000 - quando a série histórica começou a ser tabulada - para meses de fevereiro.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta semana pela Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Eles revelam que, no mês passado, foram gerados 1.122 novos postos formais de trabalho, desempenho semelhante, mas superior, aos de anos como 2014 e 2010 (veja o quadro).

O resultado indica que, ainda que em ritmo lento, a economia da cidade busca recuperar os 8.255 empregos formais perdidos entre 2015 e 2017 devido à crise no País. Já em âmbito nacional, foram 173 mil novas vagas criadas no mês passado, o maior saldo para fevereiro desde 2014.

No Brasil, o dado preocupante, contudo, é que o salário médio de admissão em fevereiro ficou em R$ 1.559,08, uma queda de 4,13% em termos reais (já descontada a inflação) na comparação com o ano anterior.

Em Bauru, o setor de serviços foi, de longe, o que mais impulsionou a geração de postos de trabalho (984 vagas), seguido do comércio (98) e da construção civil (93). Na outra ponta, a indústria foi a que mais fechou vagas: foram 52 a menos em fevereiro.

OSCILAÇÃO

Segundo o economista Reinaldo Cafeo, o segmento de serviços acumula, normalmente, a maior elevação no nível de emprego porque Bauru concentra um grande número de empresas de recuperação de crédito, que possuem alta rotatividade de funcionários, com grandes oscilações entre contratações e demissões a cada mês. Em janeiro, por exemplo, o setor de serviços extinguiu 72 postos de trabalho, contribuindo, junto com o comércio, para que o mês fosse encerrado com perda de 503 vagas.

"É uma oscilação que deve se verificar ao longo do ano. Não há uma tendência de recuperação rápida do nível de emprego", pontua. Segundo ele, o clima de otimismo que tomou conta do empresariado com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, no ano passado, vem, neste momento, sendo substituído por um ambiente de receio e cautela em relação às ações concretas que serão adotadas pelo governo.

"Houve uma confiança com a promessa de um novo modelo econômico, com um discurso reformista, de austeridade e renúncia fiscal. Os números de fevereiro estão retratando esta confiança do ano passado, que estava voltada a uma perspectiva futura, sem que houvesse nada concreto".

CHOQUE DE REALIDADE

Após o primeiro trimestre do novo governo sem ações contundentes para a retomada da economia, as incertezas estão voltando à cena, aponta o economista. "É um choque de realidade, em que a confiança vai esmorecer se ações não se materializarem. Assim, será preciso um pouquinho de paciência para conviver com indicadores econômicos oscilantes neste primeiro ano".

O clima de cautela também é confirmado pela titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedecon), Aline Fogolin, que não acredita em um "ritmo vertiginoso" de contratações para 2019. Ela pontua, contudo, que, no médio prazo, as vagas perdidas ao longo da crise serão recuperadas, o que demanda preparação dos candidatos a uma boa posição no mercado de trabalho.

"Conversei com empresários em minha visita a Brasília nesta semana e eles apontam que a falta de qualificação de mão de obra tem sido um gargalo. Em Bauru, temos muitos trabalhadores atuando como recuperadores de crédito e cuidadores de idosos, mas também temos a perspectiva da vinda de empresas para a cidade e região, incluindo indústrias, que demandam este aprimoramento de quem está à procura de uma oportunidade", considera, salientando que a própria Sedecon está desenvolvendo projetos para oferecer esta capacitação aos moradores.