25/09/14 14h06

Nível de investimento estrangeiro direto surpreende analistas

Valor Econômico

O nível elevado de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em agosto surpreendeu economistas e o Banco Central (BC). A entrada de US$ 6,8 bilhões foi a maior para um mês desde novembro do ano passado e cobriu o déficit de US$ 5,4 bilhões observado nas transações correntes. Movimento igual havia sido observado neste ano apenas em julho, mas em volume menor (saldo líquido positivo de US$ 0,6 bilhão).

Entretanto, a composição do investimento, o aumento forte da entrada de capital de curto prazo no mês e a prévia da entrada de IED para setembro colocam o resultado como atípico em relação à trajetória observada e esperada para este ano no balanço de pagamentos na visão de economistas.

Nos dados divulgados pelo BC, houve, no fim de agosto, a entrada, como investimento direto, de US$ 1,3 bilhão para o setor de metalurgia via Luxemburgo. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária registrou no período uma saída como investimento brasileiro no exterior de US$ 1,3 bilhão, também em metalurgia para o mesmo país. Essa entrada inflou a conta de investimento como participação no capital. Em agosto de 2013, foi de US$ 2,73 bilhões. No mês passado, cresceu para US$ 4,79 bilhões.

"Na abertura dos dados do IED é bom fazer essa ressalva desse investimento. No entanto, no acumulado do ano, o país registra nível elevado para os patamares históricos", afirma Rafael Bistafa, economista da Rosenberg & Associados, citando o saldo positivo de US$ 42 bilhões de IED de janeiro a agosto, 7,7% maior do que no mesmo período de 2013.

Em agosto, houve forte alta do ingresso de capital volátil, nota Bruno Lavieri, economista da Tendências. A soma de empréstimos e financiamentos, capitais de curto prazo e demais e investimentos em papéis de longo prazo e ações no mês passado atingiu US$ 15,7 bilhões. Em igual período de 2013, o total foi de US$ 10,6 bilhões.

 Esse aumento está relacionado à taxa de juros em um patamar considerado elevado e à instabilidade na bolsa, causada pela eleição em outubro. "O que está em linha com a deterioração da composição do resultado das transações correntes neste ano, que deve ficar positiva em US$ 85,8 bilhões. O valor é similar ao registrado em 2013, mas alcançado via aumento do capital mais volátil", diz Lavieri.

Segundo Bistafa, a prévia para setembro até dia 22 indicava entrada de US$ 2,1 bilhões em IED. "Neste mês é esperado algo em torno de US$ 3 bilhões, bem abaixo de agosto e mais próximo do comportamento verificado no ano.