22/12/17 11h28

Prévia do IPCA aponta para menor índice em 19 anos

Valor Econômico

A deflação atípica de alimentos teve fôlego até dezembro, mês em que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) subiu 0,35%, em linha com as expectativas de 25 analistas consultados pelo Valor Data e pouco acima do dado de novembro (0,32%). Com esse resultado, a prévia da inflação oficial, divulgada ontem pelo IBGE, terminou 2017 com alta de 2,94%, abaixo do piso do intervalo de tolerância da meta inflacionária de 3% e a menor desde os 1,66% de 1998, ou seja, o nível mais baixo desde que o sistema de metas foi criado, em 1999.

Os economistas mantiveram suas estimativas para o IPCA fechado do mês, que deve desacelerar para cerca de 0,30%, o que levaria o indicador oficial de inflação a encerrará 2017 com variação de apenas 2,8%.

Mesmo em aceleração mais forte que o previsto na comparação com o mês passado, os alimentos ainda tiveram variação bastante favorável para um mês de dezembro, diz Fabio Romão, da LCA Consultores. Com chuvas e aumento da demanda, há pressão sazonal forte sobre alimentos no fim do ano, que não foi observada em 2017. No início de 2018, a retração dos alimentos deve se reverter, lembra Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil o que não representa riscos à dinâmica inflacionária.

A parte mais qualitativa da inflação - núcleos, difusão e serviços - também não trouxe preocupações na prévia de dezembro, diz Leal. A inflação de serviços subiu de 0,05% para 0,55% na comparação mensal, com o aumento sazonal de passagens aéreas. No ano, avançou 4,49%, bem abaixo do ano passado (6,61%).

Também criado pelo Banco Central, o indicador subjacente da inflação de serviços - que exclui itens relacionados a turismo, serviços domésticos, cursos e comunicação - teve variação de 0,37% em dezembro, acima dos 0,04% registrados em novembro, com alta acumulada de 3,6% no ano (ante 6,5% em 2016).

A média dos três núcleos de inflação também ficou maior de novembro para dezembro, ao passar de 0,23% para 0,30%. Já o índice de difusão, que mede a proporção de itens da inflação que aumentaram no mês, avançou de 48,8% para 50,1%. "É mais uma ferida cicatrizando do que a atividade econômica voltando a pressionar os preços", diz Romão.

Daqui até o fim do mês, o IPCA deve recuar ligeiramente, para 0,29%, estima a LCA, porque a tarifa de energia elétrica residencial deve entrar em deflação devido à alteração da bandeira tarifária. Se a previsão for concretizada, o indicador oficial terminará o ano com alta de 2,79%, projeção reforçada após a divulgação do IPCA-15, diz o economista.

Para os economistas Fabio Ramos e Tony Volpon, do UBS, o IPCA vai aumentar 2,9% no ano. Assim, dizem, o BC terá de escrever uma carta ao Ministério da Fazenda para apontar razões que expliquem o descumprimento da meta inflacionária.