30/03/22 13h04

Produtores de borracha natural apostam em maior produtividade

Safra de borracha natural atinge mais de 70% da colheita e produtores apostam em maior potencial produtivo das árvores; levantamento aponta mais de 54 mil hectares de novas áreas de seringueiras

Diário da Região

Época importante para a produção da borracha natural, produtores sinalizam para colheita mais produtiva neste ano, com média de sete toneladas de coágulo por árvore de seringueira. Há ainda, em cenário de boas perspectivas para o setor, a previsão de novos plantios da cultura. É o que aponta o levantamento da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), com o aumento de área de 54 mil hectares de seringueiras para a extração de látex. 

Diogo Esperante, diretor da Apabor, destaca que o estado de São Paulo possui 133 mil hectares de seringueiras plantadas, sendo o Noroeste responsável por mais de 65% da produção brasileira de borracha natural. “Atualmente, são 78 mil hectares de seringueiras em produção, e para os próximos três anos, novas áreas estão previstas com 54 mil hectares de seringueiras”, afirma ao relacionar o potencial produtivo da safra de borracha deste ano. 

“Estamos em um momento muito importante da safra, e consideramos o período de março a julho muito positivo para o produtor. Com o clima desfavorável do ano passado, os seringais estão se recuperando, e devem produzir o dobro de coágulo nestes meses de pico de safra, em comparação ao mesmo período de 2021”, acrescenta Diogo. 

A cultura é de alta rentabilidade para o produtor Fábio Tonus, que pretende expandir o seringal para o plantio entre cinco mil a dez mil árvores, anualmente. “Posso dizer que a rentabilidade da borracha natural para o produtor, por ser uma commodity, pode ultrapassar culturas como a soja e milho, se levarmos em conta que podemos ter a durabilidade das árvores por mais de 35 anos, sem os custos com os novos plantios”. 

Fábio ainda estima uma produtividade que garante maior lucro, entre sete e oito toneladas de coágulo por árvore. Ele diz que o mercado brasileiro produz muito pouco ainda da demanda atual de borracha natural, importando grande parte do produto e que é destinado, em 90%, às indústrias pneumáticas. 

Nos seringais de Nilson Augusto Cardoso Troleis, 40 mil árvores de seringueiras estão em produção, com a perspectiva de rendimento total de 300 toneladas de coágulo para a safra deste ano. “Apesar de ainda não termos uma estatística de produtividade, a perspectiva é muito boa, se analisarmos os últimos dois anos em que o clima prejudicou muito o seringal. Hoje temos no campo boa reserva de água no solo e plantas mais vigorosas, de uma cultura muito sustentável dentro do conceito de florestas”. 

Preços 

Os preços pagos pela borracha natural aos produtores apresentaram queda de 7,24%, fechando a R$ 10,18, conforme Fábio Magrini, presidente da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor). “Com a queda do dólar, os preços da borracha, que acompanham o mercado internacional, tiveram essa baixa. Como é uma commodity, temos que aguardar o mercado e suas instabilidades”. Fábio afirma ainda que os preços estavam em elevação, chegando a índices históricos em 2021, mas que ainda são muito atrativos para o produtor. 

Cresce a procura por seguro

Os investimentos altos para o plantio de seringal, avaliados em R$ 36 mil por hectare de árvore plantada, têm impulsionado a procura por seguro florestal. O seguro garante ao produtor maior proteção quando ocorrem as adversidades climáticas, como os incêndios (em decorrência da seca e da geada), e que atingiram muitas seringueiras no Noroeste Paulista, no ano passado. 

A procura pelo seguro florestal cresceu mais de 50%, na região, segundo o corretor Heitor de Melo Moreira. “Nos últimos anos, o produtor percebeu que a seca estava causando muitos prejuízos. Com isso, fizemos um número maior de seguros, principalmente para evitar os incêndios”. Ele ressalta que o produtor tem ainda a opção de fazer o seguro voltado somente para o incêndio, um dos maiores riscos para as seringueiras. 

Para o produtor Eduardo Gentile foi fundamental o investimento no seguro florestal. Em setembro do ano passado, ele viu o fogo atingir o seringal, causando a perda de 3.000 árvores. “Com os subsídios de 75% do governo federal e de 25% do governo estadual, os valores pagos pelo seguro ficaram mais acessíveis. Valeu muito ter esse benefício.”  

Fique por dentro

A pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), de Colina, Elaine Cristine Piffer Gonçalves, recomenda aos produtores o manejo voltado para a escolha da área e das mudas, para a implantação cultura. “Para um seringal produtivo é preciso ter uma boa gestão e acompanhamento técnico especializado”, destaca a pesquisadora, lembrando que as seringueiras podem ser produtivas por mais de 40 anos. 

Elaine diz que a produção de seringueiras terá eficiência maior com a mão de obra especializada e orienta para que os produtores façam avaliações da sangria (quando se retira o látex das árvores). “É muito importante observar aspectos como a profundidade de sangria, o consumo de casca e o controle de fungos de painel”. 

Segundo a pesquisadora, o gerenciamento e o acompanhamento técnico das atividades de sangria são fundamentais para garantir maior produtividade aos seringais. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/produtores-de-borracha-natural-apostam-em-maior-produtividade-1.955499