30/11/16 14h35

Redes colaborativas dão mais força ao empreendedorismo

Valor Econômico

O Brasil é considerado um dos países mais empreendedores do mundo, porém precisa avançar na consolidação dos negócios. O mais recente estudo da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) indica que a taxa de empreendedorismo chegou a 39,3% da população, sendo que em 2002 era de 20,9%.

Em função da crise econômica, com aumento do desemprego, muitas pessoas passaram a empreender por necessidade, ou seja, buscaram alternativas para geração de renda. Por outro lado, há um movimento intenso de empreendedores motivados pelas oportunidades no mercado. Avançam, por exemplo, as startups, empresas jovens, inovadoras e de alto potencial de crescimento. Nesse ambiente, há uma revolução em curso, surge uma série de iniciativas inovadoras de capacitação, assim como redes colaborativas voltadas ao fortalecimento dos negócios.

O Instituto Inspirare, uma organização sem fins lucrativos que incentiva inovações em educação por meio de palestras, produção de conteúdo e laboratórios com professores estudantes, lançou no ano passado a Apreender (www.apreender.org), plataforma de apoio aos negócios de impacto no ensino. "O objetivo é fomentar soluções disruptivas para melhorar a qualidade da educação formal no país", diz Anna Penido, diretora executiva do Instituto Inpirare, que participou do Menos30 Fest, festival de empreendedorismo da Globo, este mês, na Escola Britânica de Artes Criativas (Ebac), na cidade de São Paulo.

Segundo ela, a educação precisa ser modernizada, com novas abordagens e aplicação de tecnologias que despertem maior interesse dos alunos. No site do Apreender, há uma série de informações que auxiliam em todas as etapas dos negócios, desde o desenvolvimento dos projetos, testes, ganho de escala e a mensuração do impacto na melhoria no desempenho dos estudantes. A plataforma faz a conexão entre empreendedores e educadores.

"Estimulamos empreendedores das diversas áreas do conhecimento como moda, arquitetura, tecnologia e design, que podem validar suas soluções em ensino interagindo com profissionais de educação cadastrados na plataforma", explica Anna.

No Rio de Janeiro, a Universidade da Correria (UniCorre), oferece cursos para ajudar os jovens da periferia a se tornar empreendedores. "Acompanhamos os projetos desenvolvidos pelos próprios alunos. Ensinar a empreender é dar chance aos jovens da base da pirâmide social para conquistar autonomia financeira", comenta Anderson França, fundador da UniCorre.

Os alunos aprendem sobre plano de negócios, técnicas de marketing, gestão financeira e os passos para a formalização dos empreendimentos.

Alunos aprendem sobre plano de negócios, técnicas de marketing, gestão financeira e formalização

A ideia é inovar para otimizar os poucos recursos. As primeiras turmas foram em 2013. Como os resultados foram positivos, a UniCorre passou a contar com parcerias de instituições de peso como a Fundação Telefônica, Google e BrazilFoundation para promover as atividades.

Cerca de quatro mil alunos já passaram por ciclos de educação no Rio de Janeiro e em São Paulo - módulos com duração de quatro meses, gerando 200 negócios. Alguns empreendedores conseguiram aportes de investidores-anjo, totalizando R$ 180 mil. Os negócios são nas áreas de gastronomia, moda, estética, cosméticos, comunicação e tecnologia. Atualmente, a sede da UniCorre fica no galpão da Ação da Cidadania, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.

Apaixonada por tecnologia, a jornalista Gabriela Agustini decidiu empreender nessa área. Ela fundou o Olabi, um laboratório para aprendizagem sobre novas tecnologias. "É espaço onde as pessoas podem aprender a programar softwares, desenvolver produtos com impressoras 3D ou construir robôs e drones", afirma. Gabriela disse que o conhecimento sempre ficou muito concentrado em profissionais de áreas específicas como engenharia, ciência da computação e design, porém, a tecnologia é transversal aos diversos setores como educação, saúde e moda.

"Ao se apropriarem de novas tecnologias, os empreendedores de variados segmentos conseguem propor soluções de problemas de forma escalável e com baixo custo", destaca.

O mercado de trabalho no país tem se transformado e favorecido novas conexões. Selecionar e capacitar estagiários e trainees para atuarem em startups de tecnologia é o propósito da Gama Academy. Participam dos cursos - treinamentos intensivos de cinco semanas, jovens talentos das áreas de design, marketing, programação e vendas. Duas turmas de cem alunos já se formaram. "Mais de 70% foram empregados", ressalta Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy, que já tem 40 startups como clientes. O potencial é grande. O empreendedor fez uma pesquisa com 250 startups e constatou que existem hoje mais de 1,5 mil vagas disponíveis. No entanto, no Brasil há um universo de mais de quatro mil empresas desse tipo mapeadas.

"A riqueza do Brasil está na sua economia criativa e na sua diversidade", ressalta Sérgio Valente, diretor de comunicação da Globo. Conforme ele, o Menos30 Fest, é uma das plataformas da comunicação com o público jovem. "É um espaço de troca de experiências. A Globo precisa se reinventar o tempo todo e por esse motivo busca interagir com a sociedade em movimento", diz.