29/09/21 11h31

Região de Rio Preto se consolida como a maior produtora de cana-de-açúcar e etanol de SP

Características climáticas e investimentos na área explicam desempenho

Diário da Região

Estudo recente da Fundação Seade sobre o desempenho e as perspectivas para o biocombustível consolida a região administrativa de Rio Preto como a maior produtora de cana-de-açúcar e etanol do território paulista. De acordo com o levantamento, entre 2003 e 2019 (dado mais recente dividido por região) a produção regional de cana mais que triplicou, passando de 18,7 milhões de toneladas para 67,9 milhões de toneladas colhidas. São Paulo manteve a liderança entre os estados no que se refere à produção, ao consumo interno e às exportações de etanol. 

Segundo a analista Margarida Kalemkarian, as características climáticas da região e o estímulo a investimentos no setor influenciaram esse desemprenho. “A partir de 2017, a gente começa a ver uma movimentação das usinas e dos fornecedores para tentar melhorar a situação do desemprenho do biocombustível no Estado. Tivemos investimentos em renovação de canaviais para aumentar a produtividade, introdução de inovações e conectividade no campo. E a região acabou sendo uma das mais beneficiadas”. 

Também entre 2003 e 2019, a fabricação de etanol no estado de São Paulo cresceu 8,7 milhões de m³ (metros cúbicos) para 16,7 milhões de m³. Desse volume, 11 milhões de m³ (cerca de 66%) foram de etanol hidratado. Dados do IBGE de 2017 indicam que a maior parte da produção de etanol no Estado concentra-se em Rio Preto. No período, a região possuía 25 unidades produtoras com capacidade de produzir uma média de 30,8 mil m³/dia do biocombustível. 

A economista explica que o levantamento não dispõe de dados regionalizados mais recentes, já que uma das fontes do estudo, o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), mudou a metodologia de pesquisa. “Mas o que podemos adiantar é que, desde então, a situação melhorou com as novas políticas públicas (Renovabio) já que 2017 foi um ano ruim para a produção de biocombustíveis”.

A região também é destaque em produção de bioenergia – energia elétrica gerada de forma limpa e renovável a partir de resíduos da cana-de-açúcar (bagaço e palha). Até o ano passado, Rio Preto e região contavam com 33 usinas que juntas produzem 1.207 MW (megawatts). Parte da produção de eletricidade é destinada para o consumo das usinas, o excedente é oferecido ao Sistema Integrado Nacional (SIN). 

O investimento no setor também se traduziu na busca por mão de obra qualificada. A região possui cerca de 7,4 mil trabalhadores formais que atuam diretamente na fabricação de etanol, sendo a principal empregadora dessa atividade no Estado. 

Investimento em tecnologia e inovação

Um dos principais responsáveis pelo desemprenho da região na produção de cana-de-açúcar, o Grupo Tereos se destaca no cenário nacional com usinas espalhadas em diversas cidades da região. Atualmente, o Grupo ocupa a posição de segundo maior produtora do País. 

O aumento na produtividade está atrelado ao investimento em tecnologia e inovação. No campo, destacam-se as iniciativas de monitoramento por drone para identificar possibilidades de melhorias na qualidade e rendimento das operações agrícolas, utilização de imagens de satélite para análises da produtividade do canavial, além da identificação de potenciais desvios, como falhas de brotação, plantas daninhas e impactos da seca e pragas no solo. 

Na safra 20/21, as sete unidades do grupo processaram 20,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, afirma o superintendente de operações agroindustriais da Tereos, Everton Carpanezi. “A produção de açúcar atingiu recorde de 1,9 milhão de toneladas, enquanto a de etanol foi de 730 milhões de litros, fechando um mix de produção de 63% de açúcar e 37% de etanol”, destacou. 

Em relação à energia, foi registrado, na safra passada, um volume total de 1.740 GWh de energia elétrica gerada a partir da biomassa da cana. Desse total, 590 GWh foram utilizados internamente e 1.150 GWh foram comercializados. 

Ainda segundo Carpanezi, para a safra 21/22, o Grupo investiu em equipamentos para maior eficiência operacional e qualidade agrícola, revisão de metodologias de tratos culturais e novos manejos nutricionais mais eficientes e sustentáveis. 

“Além disso, acabamos de anunciar o projeto de automação da biofábrica de MPBs (mudas pré-brotadas), com a adoção de equipamentos para melhorias e automação no fluxo de produção que irá duplicar a produção atual. Além disso, estamos finalizando o projeto de uma planta de biogás, que será lançada em breve. A planta utilizará a vinhaça para fabricação de biogás, ampliando a oferta de energia limpa da companhia”, finaliza Carpanezi. 

Impactos da pandemia

O início de 2020 sinalizava otimismo quanto à continuidade do crescimento do consumo de biocombustíveis no país, analisa o estudo da Fundação Seade. Porém, a crise sanitária resultou em queda nas vendas internas de abril. A partir de maio, o consumo de etanol hidratado teve seis altas consecutivas, somando 54,9% no Brasil e 48,3% no Estado de São Paulo, oscilando para baixo em novembro, mas retomando o crescimento em dezembro. 

Apesar da variação, os volumes acumulados em 2020 representaram o segundo melhor resultado para o período desde o início da série histórica, em 2000, tanto para o Brasil (19,3 bilhões de litros), quanto para São Paulo (10,1 bilhões de litros). 

A expectativa da economista do Seade, Margarida Kalemkarian, é de que o setor de biocombustíveis de São Paulo se mantenha em crescimento com a vigência do programa RenovaBio. Ela defende que o estado possui experiência consolidada na produção de etanol e no desenvolvimento de pesquisas em novas rotas tecnológicas para os biocombustíveis avançados, capazes de ampliar o protagonismo no setor e contribuir para que os principais objetivos do programa sejam alcançados, de forma cada vez mais sustentável em termos ambientais, econômicos e sociais”. 

Usos da cana-de-açúcar

Biocombustível 

Entre 2003 e 2019, a fabricação de etanol no Estado de São Paulo cresceu 8,7 milhões de m³ para 16,7 milhões de m³. Desse volume, 11 milhões de m³ (cerca de 66%) foram de etanol hidratado. Dados do IBGE de 2017 (dado regionalizado mais recente) mostram que a maior parte da produção de etanol no Estado concentra-se em Rio Preto. No período, a região possuía 25 unidades produtoras com capacidade de 30,8 mil m³/dia. 

Alimentos e bebidas 

A cana-de-açúcar é utilizada para fabricação de uma série de açúcares e de bebidas 

Bioplástico 

O bioplástico de etanol de cana pode ser aplicado em laminados, garrafas, embalagens, brinquedos, isolamento de fios elétricos, tubos para distribuição de água e gás, materiais hospitalares ou em tanques de combustível de veículos. 

Bioenergia 

Em 2020, a capacidade instalada de usinas termelétricas (UTEs) movidas a partir de resíduos da cana no Estado de São Paulo cresceu 8,7%, passando de 5.524 MW (megawatts) para 6.004 MW. Entre as regiões paulistas, Rio Preto lidera tanto em potência instalada (1.027MW) quanto em quantidade de empreendimentos (33). As usinas produzem eletricidade predominantemente para autoconsumo, oferecendo o excedente para o Sistema Integrado Nacional (SIN). 

Empregos formais

De acordo com dados do Ministério da Economia, entre 2006 e 2019, o número de empregos formais na fabricação de etanol no Estado de São Paulo aumentou de 26,7 mil para 37,1 mil. Durante os primeiros cinco anos, a região com mais empregos nessa atividade foi Presidente Prudente, mas, a partir de 2011, a região administrativa de Rio Preto assumiu a liderança. São quase 8 mil trabalhadores. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/riopretoeregiao/regi-o-de-rio-preto-se-consolida-como-a-maior-produtora-de-cana-de-acucar-e-etanol-de-sp-1.812413