14/06/18 13h58

Resultado mostra bom desempenho da economia no início do 2º trimestre

Valor Econômico

As vendas do comércio cresceram com força em abril, confirmando o bom desempenho da atividade econômica no começo do segundo trimestre, como já havia sido indicado pela produção industrial. A grande dúvida é qual será o impacto da greve dos caminhoneiros em maio sobre a retomada. Além do efeito negativo direto sobre a atividade do comércio, da indústria e dos serviços, a avaliação de boa parte dos economistas é que a paralisação afetará a confiança de consumidores e de empresários, atingindo decisões de consumo e de investimento.

Em março, o resultado do comércio também havia sido favorável - o IBGE revisou para cima o número do varejo restrito, de alta de 0,3% para 1,1% sobre fevereiro, devido a novas informações do setor de super e hipermercados. O aumento expressivo em abril indicava que o varejo ganhava fôlego, tendo mostrado avanço em nove das dez categorias pesquisadas.

O economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, observa que o resultado do varejo restrito e o do ampliado vieram acima das projeções, e em cima de séries revisadas para cima. Nos dois casos, a herança estatística para o resto do ano ficou bastante positiva, mas "infelizmente" é algo que envelheceu "prematuramente", escreve em nota, referindo-se à greve dos caminhoneiros.

Nas contas do economista, o desempenho do comércio restrito até abril deixou herança estatística de 3,1% para o ano. Isso significa que, se as vendas do varejo nesse conceito encerrarem o ano no mesmo nível registrado em abril, o crescimento em 2018 será de 3,1%. No caso do varejo ampliado, o número é ainda maior, de 5,9%.

O resultado acumulado em 12 meses também mostra boa recuperação. O restrito sobe 3,7% nos 12 meses até abril e o ampliado, 7%. Os dois fecharam 2017 com alta de 2% e 4%, pela ordem.

Montero pondera que a análise de séries mais longas do comércio ajuda a colocar a retomada em perspectiva. O varejo ampliado ainda está 11,5% abaixo do pico registrado em agosto de 2012, por exemplo. De qualquer modo, o comércio estava recuperando terreno, com expansão firme especialmente em março e abril. "Precisaremos fazer a avaliação de danos a partir das próximas observações", resume Montero.

Em maio, os números serão muito ruins, dado o impacto da greve dos caminhoneiros. A dúvida é em que ritmo a retomada ocorrerá a partir de junho, o que vai depender de como a confiança dos consumidores e empresários será atingida pela paralisação dos motoristas e também pela volatilidade no mercado.