24/01/22 11h48

Saldo de novas empresas é o maior dos últimos dez anos em Rio Preto

Rio Preto encerrou o ano de 2021 no maior patamar registrado dos últimos dez anos; desemprego e queda na renda obrigaram rio-pretense a empreender

Diário da Região

Mesmo enfrentando um lockdown e períodos de fortes restrições impostas aos serviços não essenciais, o setor empresarial de Rio Preto encerrou o ano de 2021 com o maior saldo líquido de abertura e fechamento de empresas dos últimos dez anos. No ano passado, o município registrou a constituição de 4.743 empresas e a baixa de 1.975 CNPJ’s, resultando em um saldo de 2.768. O número é o maior registrado desde 2011, segundo dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp). 

Se comparado com o ano anterior, a quantidade de pessoas jurídicas constituídas na cidade registrou um crescimento de 4,3% - já que em 2020 a Jucesp formalizou a abertura de 4.188 empresas. Para especialistas, a queda no número de empregos formais foi um dos fatores que levou cada mais rio-pretenses ao empreendedorismo. 

Os meses de fevereiro e maio foram os de mais destaque, com o registro de abertura de empresas 440, cada. Quando se analisa a modalidade jurídica, em 2021, 84% das aberturas foram do tipo sociedade limitada. Número superior aos registrados em 2020, quando 73% das empresas abertas naquele ano usaram esse tipo jurídico, e 2019 (quando eram 47%). Ainda no ano passado, 11,95% das novas aberturas aparecem na modalidade empresário e com 3,54% na modalidade Eireli – descontinuada em agosto. 

Segundo o consultor empresarial Valdecir Buosi, uma série de fatores explicam os números da Junta Comercial. Para ele, todos estão intrinsecamente associados a questões de empregabilidade. 

"O desemprego foi grande e a renda média do trabalhador caiu na pandemia, o que motivou o empreendedorismo por necessidade. Mesmo quem encontrou uma nova oportunidade, não achou o mesmo nível salarial. Isso fez as pessoas buscarem alternativas de renda”, argumenta o consultor. 

Buosi ainda esclarece que fora os casos de necessidade, parcela desses novos empreendedores são de quem vislumbrou uma oportunidade. “São empresários que perceberam um nicho novo ou determinada carência do mercado”. 

Em relação aos encerramentos, o resultado de 2021 também superou o do ano anterior, alta de 2,8% – já que 2020 foram 2.294 baixas. No entanto, o volume é menor do que o registrado em 2019 (antes da pandemia), quando 2.176 CNPJ’s formalizaram o encerramento. O economista Hipólito Martins Filho explica que o volume de empresas encerradas no ano passado não superou os anos anteriores à pandemia por conta de ações do governo para socorrer as empresas. 

"Durante a pandemia, o governo criou o Pronampe, programa que subsidiou pequenas e médias empresas para conseguirem manter o nível de emprego. Foi o que acabou ajudando o não fechamento de muitas portas. Apesar disso, muitas reduziram o número de colaboradores. Profissionais que depois abriram suas próprias empresas”. 

Comércio tem destaque

O setor de comércio foi o que mais registrou aberturas de empresa no ano passado em Rio Preto, mas também foi o que mais teve baixas de CNPJs no período. 

Segundo levantamento da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), 27% das empresas constituídas na cidade em 2021 se enquadraram no setor (que incluí também reparação de veículos automotores e motocicletas). Em seguida, aparecem atividades administrativas e serviços complementares (19,71%), atividades profissionais, científicas e técnicas (11,39%) e saúde humana e serviços sociais (8,70%). 

Nas empresas encerradas, o setor de comércio representa 41,23% das baixas no ano passado. Atividades administrativas (11,83%), alojamento e alimentação (8,79%) e atividades profissionais, científicas e técnicas (7,38%) vem em seguida. 

O consultor empresarial Valdecir Buosi explica que empresas do setor de comércio são a porta de entrada para o empreendedorismo para boa parte das pessoas que estão em busca de renda. E o que justifica o alto percentual de baixas de CNPJs no setor é a falta de planejamento. “Quando a pessoa não estuda o mercado, ela pode encontrar dificuldades para as quais não se preparou. Consequentemente, ela fecha”, reforça. (FN) 

Durante a crise, diversifique

À frente de uma fábrica de vidros que atua há 30 anos no mercado, o empresário Rodrigo Basaglia (foto) precisou encontrar alternativas para manter o negócio vivo durante os momentos mais críticos da pandemia e conseguir manter a equipe de 50 funcionários. “Demoramos bastante para conseguir montar essa equipe e não queríamos ter que demitir ninguém. Como a área de transportes ainda estava funcionando, comecei a vislumbrar a possibilidade do e-commerce”. 

Até então, a Banho Box Vidraçaria – empresa de vidros, espelhos e esquadraria, atendia apenas a clientela local. Mas foi preciso apostar em novos mercados com a queda da procura presencial. Foi assim que, durante a pandemia, nasceu a Rei dos Vidros, empresa especializa na venda de espelhos decorativos pela internet. “Foi algo que surgiu da necessidade e que acabou dando muito certo. Apostamos em um seguimento que não tinha ninguém olhando com carinho. Em pouco tempo, nos tornamos um dos maiores vendedores do país”, afirma Basaglia. 

Com os dois negócios, o empresário diz que conseguiu manter o quadro de colaboradores da fábrica e ainda contratou outras 15 pessoas para atuar com a nova empresa de e-commerce. "Nós levamos o nosso know-how de 30 anos e passamos isso para o e-commerce. Hoje, o faturamento mensal da nossa loja virtual já superou o da nossa outra empresa”. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/riopretoeregiao/saldo-de-novas-empresas-e-o-maior-dos-ultimos-dez-anos-em-rio-preto-1.926322