23/09/16 14h20

Samsonite pretende ir muito além das malas

Valor Econômico

A fabricante de malas Samsonite tem planos ousados para expandir sua presença no Brasil. Segundo Anna Chaia, diretora-presidente da companhia para o Mercosul, o objetivo é chegar a 2018 com cem lojas da marca em todo o país. Desse total, metade serão próprias e metade no modelo de franquia, que será lançado em 2017, diz Anna.

A meta representa um avanço significativo em relação à estrutura atual. Hoje, são 24 lojas concentradas no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte. Até o fim do ano, a expectativa é que o total suba para 27. Produtos da marca também estão à venda nas redes multimarcas Le Postiche, Innovathi e Bagaggio.

A expansão por meio de lojas tem como principal objetivo ampliar o leque de produtos da marca vendidos no Brasil. Mais conhecida pelas malas, a Samsonite também tem linhas de produtos escolares (como mochilas e estojos), executivas (pastas e mochilas), de acessórios para viagem e até bolsas femininas. Segundo Anna, é difícil apresentar essa variedade de produtos dentro do varejo multimarca. Por isso, a própria companhia precisa fazer esse investimento. De acordo com a executiva, o modelo de franquias tem como objetivo ampliar a presença principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Sul.

Diante do atual quadro da economia local, pode soar estranho um plano de expansão como o da Samsonite. Mas, segundo Anna, o momento é muito propício. "Conseguimos fazer negociações excelentes com os shoppings por conta da crise", diz. Segundo ela, com o consumo em baixa, as redes estão mais dispostas a negociar, o que ajuda no planejamento.

Além disso, como as projeções de demanda estão sendo feitas levando em conta um consumidor não muito disposto a gastar, uma melhora no cenário macroeconômico teria como benefício um desempenho acima do previsto inicialmente.

Esse "bônus" trazido pela crise, no entanto, perde força à medida que o cenário macroeconômico começa a ficar menos turbulento, alerta a executiva. "Já há menos oferta de metragem e os preços já estão de 10% a 20% mais caros", diz.

A Samsonite estabeleceu uma operação direta no Brasil em 2012 - até então, chegava ao país por meio de um distribuidor. A estratégia de expansão mais acelerada começou a ser desenhada com a chegada de Anna à operação, em meados do ano passado. A executiva tem bastante experiência nesse tipo de processo. Em seu currículo, acumula mais de 80 aberturas de lojas em suas passagens pela Swarovski e pela L'Occitane.

No 1º semestre, as vendas da Samsonite no Brasil apresentaram um crescimento de 22,5% em dólar, tendo sido um dos principais impulsionadores do crescimento da empresa na América Latina, ao lado do México (que avançou 26,5%). Na região, o total de vendas cresceu 13,6%, para US$ 62,5 milhões. Em todo o mundo, foram US$ 1,2 bilhão, com alta de 4,1%.

Além da marca principal, a companhia opera com outras marcas, como American Tourister, Hartmann, High Sierra, Speck, Lipault e Kamiliant. No fim de agosto, a empresa concluiu a compra da fabricante Tumi.

Segundo Anna, a ideia é reforçar a presença da marca de luxo no país em aeroportos e abrir duas lojas. A executiva também vê espaço para o crescimento de outra marca no Brasil - a American Tourister, que faz bastante sucesso na Ásia. A ideia é que a marca desembarque no país em 2018. Mais à frente, Anna também considera trazer a Lipault e a Kamiliant.