24/10/17 11h28

Saúde vai liderar aporte em pesquisa

Valor Econômico

Embora as empresas de computação e aparelhos eletrônicos ainda respondam pela maior parte dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento no mundo, a indústria de saúde registra crescimento mais acelerado e deverá liderar os aportes no ano que vem, atingindo US$ 165,6 bilhões. O montante representará uma alta de 4,2% sobre 2017, enquanto as fabricantes de produtos como computadores, TVs e celulares devem reduzir os gastos em 1%, para US$ 160,54 bilhões.

As projeções fazem parte da pesquisa anual da Strategy&, consultoria da PwC, com as mil companhias que mais investem em pesquisa e desenvolvimento. O estudo mostra que os gastos globais com inovação cresceram 3,2% neste ano, para US$ 701,6 bilhões, sendo que em 2016 foram direcionados US$ 680 bilhões.

"As empresas estão gastando mais em termos absolutos e também relativos, com o percentual da receita investida em inovação subindo de 4,5% para 6%, o maior patamar verificado pelo estudo", disse Eduardo Fusaro, sócio da Strategy&. Pela primeira vez, a Alphabet, dona do Google, superou a Apple no ranking. A chinesa de comércio eletrônico Alibaba estreou na lista.

Na lista dos 20 maiores investimentos em pesquisa, a Amazon passou da terceira posição para liderança, com US$ 16,1 bilhões aplicados ou 11,8% da receita. A Alphabet aportou US$ 13,9 bilhões (15,5%), seguida pela Intel, com US$ 12,7 bilhões (ver tabela).

A área de saúde, que vem ganhando espaço no levantamento, tem cinco representantes no ranking dos 20 maiores. Apenas a americana Merck investiu US$ 10,1 bilhões em pesquisa este ano, correspondendo ao maior percentual da receita aplicado, de 25,4%.

Há apenas quatro companhias brasileiras entre as mil do estudo: Petrobras, Vale, Embraer e Totvs, que juntas gastaram US$ 1,21 bilhão com inovação neste ano, menos que o montante de 2016, de US$ 1,29 bilhão. "Houve impacto da redução dos aportes feitos pela Petrobras, que está voltada para dar uma guinada nos resultados", afirmou Fusaro.

O maior percentual da receita investido em pesquisa e desenvolvimento foi da Totvs, de 15,34%, ou US$ 102,9 milhões. Na Embraer o aporte foi de US$ 212,6 milhões (3,23%); na Vale, de US$ 337,4 milhões (1,16%); e na Petrobras, US$ 561,10 milhões ou 0,69% da receita.

"É importante investir nos momentos de crise. O Brasil não vai ficar eternamente nessa situação", diz Laércio Cosentino, presidente e fundador da Totvs, maior companhia brasileira de software. No setor de tecnologia em particular, o mercado é afetado por novidades que surgem a cada seis meses, o que exige das companhias uma visão de médio e longo prazos. "Nesse horizonte, o país continua a ser uma grande oportunidade de negócio."

A Totvs está concentrando esforços na mudança do modelo tradicional, baseado na venda de licenças, para o de assinatura, pelo qual as empresas acessam os programas via internet, na nuvem, e pagam pelo que usam. A especialização, diz Cosentino, é outra preocupação. A Totvs tem investido em algoritmos que ajudam a tornar os dados mais relevantes para as companhias e lançou, neste ano, seus softwares de inteligência artificial. Historicamente, o percentual destinado à pesquisa e desenvolvimento tem variado de 12% a 14% do faturamento da empresa. Em cinco anos, o valor superou R$ 1 bilhão.