Solvay dobra capacidade de produção de solvente "verde" em Paulínia

A Solvay vai dobrar a capacidade de produção do solvente "verde" Augeo na fábrica de Paulínia (SP), a única do grupo belga no mundo que produz a família de produtos derivados da glicerina. O investimento, de R$ 30 milhões, atende à demanda crescente do solvente de fonte renovável para fabricação de aromatizadores de ambiente e itens de limpeza doméstica, tanto no mercado doméstico quanto internacional. E consolida a unidade do interior paulista como polo global de inovação sustentável da multinacional.

De acordo com o presidente do grupo na América Latina, José Borges Matias, a expansão deve ser concluída no terceiro trimestre de 2018 e adicionará 6 mil toneladas por ano de capacidade instalada. Desenvolvida no país pela Rhodia há cinco anos, a linha Augeo usa como matéria-prima um insumo que tem custo bastante competitivo no mercado brasileiro, a glicerina residual da fabricação do biodiesel, e foi inicialmente pensada como insumo para tintas e vernizes.

Por ser atóxico, incolor e inodoro, e portanto não provocar distorções em fragrâncias, o solvente acabou bem recebido por grandes fabricantes de aromatizadores, conta Matias. Hoje, metade da produção em Paulínia é exportada para Europa e Ásia. Patenteado mundialmente, o Augeo foi apresentado às demais operações da Solvay pela equipe brasileira.

De acordo com o executivo, a ampliação da produção desse solvente está em linha com a estratégia do grupo de ter exposição dos negócios cada vez mais focado em produtos sustentáveis. Globalmente, a Solvay tem como meta chegar a 2025 com 50% de suas vendas geradas por produtos e tecnologias sustentáveis. No ano passado, a média mundial estava em 43% - conforme medição feita com a ferramenta SPM, ou Gerenciamento de Portfólio Sustentável. No Brasil, o índice já está em 40%.

Ao mesmo tempo, a iniciativa reforça o posicionamento do complexo de Paulínia como plataforma industrial voltada à sustentabilidade e inovação. Desde 2015, funciona no Centro de Pesquisas de Paulínia o Laboratório de Biotecnologia Industrial (IBL, na sigla em inglês), com o objetivo de apoiar projetos de inovação do grupo ligados à química sustentável no mundo.

Além da linha Augeo, a Solvay produz em Paulínia a sílica de alta dispersabilidade, aplicada principalmente na fabricação dos chamados pneus "verdes", que ajudam a reduzir consumo de combustível em até 7% e o carbono emitido na atmosfera na mesma proporção. No mesmo complexo está instalada uma das maiores unidades industriais de abatimento de gás de efeito estufa do mundo, que em dez anos já eliminou da atmosfera cerca de 50 milhões de toneladas de gás carbônico.

De acordo com Matias, o investimento na ampliação será amortizado integralmente com recursos próprios. "Os negócios no Brasil se desenvolvem bem. O segundo semestre está melhor do que o primeiro", afirma. Para o ano, a expectativa é de crescimento da ordem de 7% - anualmente, as receitas no país giram em torno de US$ 1 bilhão.